Segurança melhora se houver integração

As deficiências enfrentadas pelos órgãos responsáveis pela segurança pública e o aumento da criminalidade abriu espaço, há alguns anos, para que as empresas de segurança privada se proliferassem. E com o passar dos anos a iniciativa privada aumentou seu efetivo e se equipou muito mais rápido que o Estado. Agora especialistas tanto da esfera pública quanto da iniciativa privada defendem que chegou o momento de integrar os dois segmentos e de unir esforços para combater a criminalidade.

Dados de 2004 dão conta que no Brasil existiam 530 mil vigilantes trabalhando em empresas privadas regulares. Já o efetivo das Polícias Militar e Civil no País, no mesmo ano, somava pouco mais que 500 mil homens. Estes números foram levantados pelo sociólogo Cléber da Silva Lopes, que produziu uma dissertação de mestrado apontando o problema das empresas irregulares de segurança privada. No entanto, Lopes usa estes mesmos dados para mostrar a importância da integração das duas forças.

A união seria por meio da colaboração, já que os vigilantes da iniciativa privada não podem fazer papel de polícia. ?O vigilante pode tornar-se um colaborador. Ele pode, por exemplo, coletar informações sobre o tráfico de drogas em torno das escolas, já que estão lá o tempo todo. E os cursos de formação os tornam aptos a formular e enviar relatórios à polícia. A Portaria 387 de 2006 da Polícia Federal tornou o currículo dos cursos de formação de vigilantes mais eficiente?, afirmou Lopes.

?Hoje em dia a Polícia Militar está atuando muito como polícia cidadã, comunitária, de parecerias. E tudo que for para somar é bem-vindo. Mas este integração depende mais do secretário (de Estado) da Segurança Pública e do Sindicato (das Empresas de Segurança Privada do Estado do Paraná) para que haja lucro para a sociedade?, afirmou o chefe da comunicação social da PM do Paraná, tenente-coronel Jorge Costa Filho. Segundo ele, esta integração significaria um aumento de pessoas nas ruas com rádio informando sobre ocorrências. ?Seria mais eficiente passar as informações sobre um suspeito para 300 carros a mais?, completou.

O coordenador-geral do departamento de controle de segurança privada da Polícia Federal, José Ferreira Sales, concorda com Costa Filho e garantiu que a PF já está trabalhando neste sentido. ?A integração já está acontecendo. A segurança privada tem uma capilaridade grande. Praticamente dobraríamos a presença as segurança no Estado?, afirmou. O coordenado geral explicou que a intenção é, futuramente, interligar os sistemas de rádios e multiplicar os ?olhos? da polícia usando os pontos fixos dos seguranças privados.

Sociológo fala do espaço semipúblico

A falência do sistema público de segurança não é o único motivo da proliferação da segurança privada. A avaliação é o do sociólogo Cléber da Silva Lopes. Segundo ele, o filão da segurança privada cresceu também em países que não têm problemas acentuados com a criminalidade em função do surgimento dos espaços classificados por ele como semipúblicos (como shoppings centers, por exemplo). ?E muitos destes países também passam pela crise fiscal e isso repercute no financiamento das forças de segurança pública?, explicou.

O chefe da comunicação social da Polícia Militar do Paraná, tenente-coronel Jorge Costa Filho, também ressalta que não é possível a polícia estar presente em todos os locais, principalmente quando se trata da iniciativa privada. Por isso, explicou, por mais que sejam locais de circulação pública, é preciso adotar a iniciativa privada para garantir a segurança. (AB)

Sindicato das Empresas de Segurança Privada propôs parceria à Sesp

O presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Paraná, Jéferson Furlan Nazário, já propôs à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) uma parceira para aumentar a eficiência do trabalho das polícias no Estado. ?A esfera pública não tem como prover tudo que a população precisa. Eles não têm efetivo e agora que estão conseguindo se modernizar. Mas nós temos cerca de 200 viaturas rodando e aproximadamente 8 mil homens somente na Região Metropolitana de Curitiba. Poderíamos ser colaboradores?, afirmou Nazário.

Em todo o Estado, as empresas regulares de segurança privada têm 18 mil guardas. Esse é praticamente o mesmo efetivo da Polícia Militar. Hoje, a atividade da segurança privada é regulamentada pela Lei 7.102. Mas o projeto de lei 168, que tramita no Congresso Nacional, prevê alterações nesta lei. Segundo o presidente do sindicato estas modificações vão tornar mais eficiente o trabalho dos seguranças e, consequentemente, facilitar a integração do público e do privado.

Nazário também explicou que a interligação poderia ser feita por meio de um sistema de rádio integrado. Além disso, afirmou que a tecnologia usada pelas empresas privadas pode munir as polícias de informações. ?Se a polícia combater com tiro vai perder todas. Tem que ser na base da informação e tecnologia e estar presente onde precisa?, salientou. A Sesp informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que o projeto de integração está sendo avaliado. (AB)

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