O Colégio Nacional de Secretários da Segurança Pública (Consesp) vai pedir ao governo federal que use tropas do Exército em parceria com as polícias estaduais e federal para reforçar a fiscalização nas fronteiras de todo País. O anúncio foi feito ontem, em Curitiba, durante a 18.ª Reunião do Consesp. Participaram do encontro secretários e representantes de 13 estados, que foram unânimes em afirmar que as fronteiras desguardadas são um grande facilitador do tráfico de drogas e armas no Brasil, e por isso a necessidade de intensificar as ações nestes locais.
De acordo com o secretário adjunto de Defesa Social de Minas Gerais, Flávio Sapori, a preocupação maior está nas fronteiras secas de estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. ?Não temos um plano definido para esses locais, o que facilita a entrada de drogas e armas?, disse. Segundo ele, a proposta é colocar o Exército para atuar de forma efetiva nesses locais. ?Muito se discute isso, mas não se avança. Agora queremos algo prático?, ponderou.
O secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, foi eleito para presidir o Consesp por mais um ano durante o encontro, e disse que a proposta técnica preliminar para o uso do Exército nas fronteiras já foi elaborado, e adiantou que a entrada das forças armadas seria gradativa.
Também participaram do encontro do Consesp representantes dos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.
Inteligência
Outra proposta do colegiado é integrar os setores de segurança e serviços de inteligência dos estados como forma de coibir o crescimento de grupos do crime organizado. ?A palavra de ordem será a integração?, disse Sapori. Essas propostas serão transformadas num projeto que será encaminhado para o governo federal em, no máximo, dois meses. Segundo Sapori, os secretários irão ?parar de apenas reclamar da situação e partir para a prática?.
Os secretários também irão pleitear um maior repasse de verbas para os estados do Fundo Nacional de Segurança Pública. ?Não há como falar de segurança pública sem discutir o aumento de repasse?, disse Delazari. Ele afirma que o governo vem reduzindo de forma sistemática os recursos. O Paraná, por exemplo, teria recebido nos últimos quatro anos cerca de R$ 10 milhões e, nesse mesmo período, o Estado teria investido na segurança cerca de R$ 220 milhões.
Já o Estado de Minas, garante Sapori, teria recebido, em 2003, perto de R$ 30 milhões do fundo, contra R$ 4 milhões no ano passado. ?Nós investimos no ano passado R$ 270 milhões. Sabemos que recurso financeiro não é tudo quando se fala em segurança, mas não se faz segurança sem recursos?, ponderou.