Sob nova direção

Secretário de Segurança ficou surpreso ao ser escolhido para a pasta

O médico oftalmologista Leon Grupenmacher (foto) tomou posse ontem da cadeia mais alta da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp).

Além da área clínica, Leon é médico-legista desde 1997 e ocupava o cargo de diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, responsável pelas atividades do Instituto Médico Legal (IML) e o Instituto de Criminalística (IC), desde abril do ano passado. Foi o primeiro membro da Polícia Científica, criada em 2001, a ocupar o mais alto cargo da pasta.

Leon formou-se em Medicina pela Universidade Estadual do Paraná (UFPR), com residência médica em oftalmologia no Instituto Hilton Rocha, em Belo Horizonte (MG), e mestrado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), onde faz parte do corpo docente.

Ele conversou com o Paraná Online e falou sobre como pretende superar os desafios que vai enfrentar à frente de uma das secretarias mais importantes do governo, com orçamento enxuto e policiais insatisfeitos, em pleno ano eleitoral.

Paraná Online – Foi uma surpresa ser escolhido como o novo secretário de uma pasta tão importante para o estado? Por que aceitou o convite?

Leon – Com certeza foi uma surpresa. Para mim, é como uma coroação para a minha carreira de 18 anos de dedicação a Polícia Científica do Paraná e como um desafio para fechar meus trabalhos com chave de ouro. Pelo menos é que eu acredito.

Pron – Há muitos comentários nas redes sociais, brincando com o fato do novo secretário da Segurança Pública ser um médico-legista. O senhor acredita estar apto para assumir tal desafio?

Leon –Acredito que sem uma equipe preparada e unida ninguém conseguiria assumir esse ou qualquer outro cargo. Por isso, conto com o apoio de todo o efetivo capacitado e eficiente das polícias Científica, Militar e Civil. Tenho certeza de que, juntos, faremos um excelente trabalho.

Pron –Que setor de segurança receberá uma atenção especial neste momento?

Leon – Nós vamos nos concentrar em colocar a polícia nas ruas, deixar que os investigadores investiguem, em vez de ficar cuidando de preso, e que cada um exerça a função que lhe é atribuída. Não vamos medir esforços para fazer com que isso ocorra.

Pron –No lançamento do programa Paraná Seguro, feito pelo governador Beto Richa, em agosto de 2011, foi prometida uma reestruturação da segurança pública no estado. Entre as promessas estava a aquisição de 3,2 mil novas viaturas, tanto para a polícia quanto para o IML. Quantas foram adquiridas até agora?

Leon –Até o momento, foram compradas 1,3 mil novas viaturas, destas, 64 são do IML. No total, a Polícia Militar tem, hoje, 7 mil viaturas. É um número bastante importante e deve ser comemorado.

Pron –E as 95 delegacias-cidadãs prometidas?

Leon –Ainda não há nada definido e existe um processo de licitação aberto no Palácio. Acredito que até o final do ano algumas unidades ainda possam ser inauguradas.

Pron –Quanto aos módulos policiais móveis, a previsão, segundo o Paraná Seguro, era de adquirir 400 para todo o estado. A população já pode contar com esse serviço hoje?

Leon –O processo de licitação dos módulos já foi concluído e só falta ser assinado no Palácio. Eu ainda não sei exatamente quantos módulos serão adquiridos em uma primeira etapa, mas tenho certeza de que não é um processo muito demorado.

Pron –Como está a estruturação do planejamento de segurança para a Copa?<,br />
Leon –Esse planejamento tem sido feito há pelo menos dois anos com as câmaras da Copa e todos os órgãos envolvidos nos trabalhos de segurança durante o evento. Eu, inclusive, participei de boa parte dos encontros e sei que há uma equipe muito bem preparada. No meu caso, vou assumir o papel de gestor de todo o processo que já está em estágio bem avançado.

Pron –Como o senhor pretende lidar com as dívidas aos prestadores de serviço e fornecedores da Sesp? É sabido que há muitas viaturas paradas por causa dessas dívidas.

Leon – As dívidas estão sendo equacionadas na medida do possível. Nos últimos dias, o governo disponibilizou cerca de R$ 24 milhões para pagar fornecedores e prestadores de serviço. Aos poucos vamos resolver todos os problemas. A questão dos combustíveis para as viaturas e manutenção das viaturas está praticamente resolvida.

Pron –Nós ficamos sabendo que há um estudo, desenvolvido pela Polícia Civil, sobre a possibilidade de redução do número de distritos da capital. Dos atuais 13, Curitiba passaria a ter apenas seis ou cinco. Essa medida teria algo a ver com redução de custos?

Leon –Eu acabo de assumir a Secretaria e ainda não tive acesso a este estudo. Nós vamos sentar e avaliar com cautela o que foi levantado. Mas já adianto que, de forma alguma, pretendemos diminuir as possibilidades de atendimento à população. Pelo contrário, vamos manter módulos móveis nos bairros com maior índice de violência para que os moradores possam registrar ocorrências e ter um acesso mais direto à polícia.

Pron –Outra informação que tivemos acesso foi sobre as instalações da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) serem transferidas para uma mansão na Avenida Sete de Setembro, no Batel, e que o valor do aluguel é de R$ 25 mil. Quem vai pagar essa conta?

Leon – Eu ainda não tomei conhecimento do valor do aluguel. Assim que souber, podemos conversar melhor sobre isso. Mas o que posso afirmar é que não se trata exatamente de uma mansão, mas de uma residência comum.

Pron –O senhor pretende fazer algum alteração na estrutura da Secretaria de Segurança? Vai haver alguma alteração na chefia das polícias?

Leon –Por enquanto não. Pretendo deixar tudo como está.