Preso sob a acusação de integrar a quadrilha de extermínio responsável por várias mortes na região de Almirante Tamandaré, Celso Luiz Moreira, o “Celso Seco”, concedeu ontem entrevista exclusiva à Tribuna. Ele jurou inocência e disse que trabalha como caminhoneiro. “Com meu nome na imprensa e a minha prisão decretada fui prejudicado. Perdi meu emprego. Não tenho nada a ver com isso. Só peço que a verdade apareça. Que tudo seja esclarecido e a justiça seja feita”, desabafou.
Celso informou que nunca foi visto em companhia de policiais. “Gostaria que a polícia investigasse. Conheço alguns dos PMs citados. O Mangger e o Silvestre trabalhavam na região de Itaperuçu e eu morava lá. Cidade pequena, impossível não conhecer. Também conheço o André”, justificou. Ele lembrou que esteve preso em agosto de 2000, sob acusação de assassinar Paulo Fernando de Miranda, o “Cristo”, 19 anos, com dois tiros na cabeça, dentro do xadrez da delegacia de Itaperuçu. Também foram acusados André Luiz dos Santos, o “Andrezinho”, que também está preso por envolvimento com o grupo de extermínio, e o irmão do ex-prefeito Salvador Paske. “Eu fiquei preso durante cinco dias, depois fui liberado”, recordou Celso. Ele disse que em setembro do mesmo ano resolveu se mudar para Colombo, junto com sua mulher e filhos, para evitar comentários. “Ainda tenho parentes em Itaperuçu, mas procuro não visitá-los. Quando querem me ver eles vão até a minha casa.”
Celso disse que ficou sabendo que estava sendo procurado pela polícia através de familiares. “Não me apresentei antes porque meu advogado estava tentando revogar a prisão”, explicou.
Ele ainda negou que estava trafegando com um Gol vermelho, com placas “frias”, pela cidade, como testemunhas informaram à polícia. “Eu estava viajando e tenho como provar. Mas não queria envolver a empresa para que trabalho. Estou sendo muito prejudicado por isso. Meu filho de 10 anos está sendo discriminado na escola porque meu nome e minha fotografia apareceram na imprensa. Nem sei por que essas pessoas me denunciaram”, acrescentou.
Mantidas prisões para 12
Doze das 16 pessoas presas sob a acusação de envolvimento com a quadrilha de extermínio que agia na região de Almirante Tamandaré tiveram as prisões temporárias prorrogadas por mais 30 dias pela Justiça e uma foi denunciada pelo Ministério Público. Duas delas foram liberadas pela própria delegada Vanessa Alice. Daniel Matias, 22 anos, foi denunciado por testemunhas de fornecer o armamento da quadrilha. Como a polícia não encontrou nenhuma arma com ele, a delegada resolveu colocar o rapaz em liberdade. Já o cabo da Polícia Militar Edimilson Sidney Camargo foi liberado por não ser reconhecido por testemunhas. A Justiça também decretou a prisão temporária do soldado da PM Leily Pereira, acusado de envolvimento nos crimes.
Denúncia
O Ministério Público informou que o promotor Paulo Sérgio Markovicz de Lima, de Almirante Tamandaré, ofereceu denúncia por homicídio qualificado contra Advanil Tavares Nogueira, o “Nico”, 37 anos, acusado de assassinar a doméstica Cleusa Aparecida Ferreira, 30. A mulher foi encontrada morta na localidade de Botiatuva, em Almirante Tamandaré, às 7h do dia 5 deste mes. Na noite do mesmo dia, Advanil foi preso por policiais comandados pela delegada Vanessa Alice, e autuado em flagrante por homicídio. Desde então, Advanil está preso no xadrez da Delegacia de Ordem Social. Dias depois do crime, a polícia encontrou as roupas usadas por Advanil no dia do crime, com manchas de sangue.
Prisões
O Ministério Público informou ainda que foram prorrogadas as prisões temporárias de doze acusados. O escrivão da Polícia Civil Alexsander Perin Pimenta e o funcionário da Prefeitura de Almirante Tamandaré Luiz Antônio Alves da Silva, o “Luizão”(que exercia a função de investigador), são acusados de extorsão. Os soldados Juliano Vidal de Oliveira, 28 anos, Jean Adam Grott, 27, Juarez Silvestre Vieira, 38, José Aparecido de Souza, 28, são acusados de matar as vítimas. Também foram prorrogadas as prisões do soldado Jeferson Martins, 24, do cabo Marcos Marcelo Sobieck, 30, de Paulo Celso Rodrigues, 36 (acusado de roubo, tráfico de drogas e homicídio), do ex-cabo da Polícia Militar Valdírio Adir Mangger, 37, da comerciante Maria Rosana de Oliveira, 41, a “Rosana Zen” (acusada de auxiliar a quadrilha e manter as vítimas em um quarto de sua lanchonete “Parada Obrigatória”, em Itaperuçu) e de André Luiz dos Santos, o “Andrezinho”. Como Celso Luiz Moreira, o “Celso Seco”, se apresentou à polícia na segunda-feira, e já tinha um mandado de prisão por 30 dias, não foi pedida a renovação. Já no caso de Sebastião Alves do Prado, o “Tiãozinho”, 43 anos, preso por porte ilegal de armas, no dia 5 ele teve a prisão relaxada e a temporária foi decretada por envolvimento nos assassinatos ocorridos na região de Almirante Tamandaré. (VB)