A negociação salarial entre a Polícia Militar e governo estadual voltou a criar um mal-estar entre PM e Polícia Civil. Há cerca de uma semana, a freqüência dos rádios de comunicação de três batalhões da PM( 12.º, 13.º, 17.º) têm sido interrompida e boicotada. A situação ficou pior depois que a categoria negou a proposta do governo que oferecia um reajuste médio de 35% dividido em três parcelas. Parte dos policiais estaria utilizando o rádio para fazer brincadeiras, atrasando o serviço em uma espécie de ‘operação-tartaruga’. “Isso virou uma palhaçada. Esse ato deles está atrapalhando o atendimento à população”, queixou-se o delegado de um dos principais DPs de Curitiba.
Para o presidente do Sindicato de Classes da Polícia Civil (Sinclapol), Luiz Bordenowski, os policiais militares estão agindo de forma errada ao tentar ‘pressionar’ o governo. “Na época da nossa negociação não demos motivo de queixa para o povo. Cumprimos nosso dever e, por isso mesmo, fomos atendidos. Aconselho a PM a fazer o mesmo”.
Bordenowski também chamou de mentirosas as declarações de Lúcia Sobral, líder do movimento das mulheres de PMs, que teria comparado o aumento dado à Polícia Civil ao da Polícia Militar. “Ela diz que recebemos 120% sobre o salário. Isso não é verdade. Tivemos a regularização do Tide (Gratificação por Tempo Integral e Dedicação Exclusiva) e só isso”, explica.
Negativa
A Polícia Militar não nega os problemas de comunicação com os rádios. Mas, segundo o comandante do Central Integrada de Atendimento à Emergência (Cine), major Jorge Costa, não é possível associar as falhas no atendimento à discussão salarial da categoria. “Não sabemos nem se são mesmo policiais que estão fazendo isso. Estamos rastreando mas acredito que se trata de dois ou três indivíduos que podem ser apenas radioamadores”.
O sargento Elídio Donizete Rodrigues, presidente da Sociedade dos Subtenentes da Polícia Militar, disse desconhecer a existência da ‘operação-tartaruga’. “Vamos nos reunir amanhã(hoje). O conselho para os soldados é para que permaneçam atuando normalmente”.
Mulheres fecham quartéis
No início da noite, mulheres de policiais militares fecharam os quartéis do Comando Geral (Rebouças) e do 13.º Batalhão da Polícia Militar (Portão). “Desta vez é por tempo indeterminado”, avisou a líder do movimento. Elas se reuniram, esvaziaram pneus de viaturas e trancaram a cadeado o portão do Comando Serviço de Manutenção (onde é feito o abastecimento).
Pelo rádio de um dos carros que parou em frente ao QCG, elas pediam apoio e chamavam os policiais a aderir ao movimento. As mulheres também prometiam não sair da frente dos quartéis sem a anistia aos policiais que aderissem ao movimento, para que as puni-ções que ocorreram no último “fecha-quartel” não se repetissem.
Os soldados recebem um soldo de 290 reais e o mesmo valor a título de Gratificação Especial. Segundo Lúcia, essa classe representa cerca de 60% do efetivo (17.900). A proposta assinada pelo governador, em posse da líder do movimento, determinava alterações na gratificação, da seguinte maneira: em Janeiro 2003 – 188% (545 reais); em Janeiro 2004 – 209% (606) e em Janeiro de 2005 – 230% (667). “Nós não aceitamos esta proposta e ficaremos aqui até que ela seja revista”, disse Lúcia, acrescentando que o documento deverá passar pela Assembléia, na segunda-feira.
