Cadê a chave??

Sala trancada impede família de retirar corpo de mulher do IML

Falta de comunicação gerou falta de respeito e frustração para familiares de uma mulher que teve o corpo encaminhado ao Instituto Médico-Legal. Desde o começo do mês, a família procurava por Gisele Fagundes, 31 anos. Quando souberam que a mulher estava morta e o corpo estaria no IML, começou mais um problema: a documentação estava “presa” na sala de uma funcionária.

Gisele foi encontrada morta por agressão, domingo da semana passada, em um matagal na Estrada do Lara, zona rural da Lapa. Familiares estranharam o sumiço de Gisele e começaram a procurá-la. “Ela morava em Fazenda Rio Grande com a mãe, e desapareceu. Nem sabíamos que conhecia alguém da Lapa”, disse a irmã, Amanda Marcondes, de 20 anos.

Os parentes telefonaram e foram ao IML para ver se o corpo de Gisele estava lá, mas foram informados que a mulher não tinha dado entrada no necrotério. Porém, anteontem, a mãe de Gisele recebeu visita de um agente funerário, que estava com o nome da moça. “Ele contou que o corpo dela estava no IML desde o dia 8”, disse a irmã.

Documentos

Os parentes foram até a delegacia da Lapa, retiraram a documentação para liberar o corpo e voltaram ao IML. “Fomos informados de que não poderíamos retirar o corpo dela, porque a papelada da liberação estava presa na sala de uma funcionária, que estava viajando”.

Os funcionários da recepção orientaram a família para retornar ontem pela manhã e, às 9h os parentes estavam no IML. “Chegamos cedo para que desse tempo de contratarmos uma funerária e soubemos que não iríamos conseguir liberar o corpo, porque a ‘tal funcionária’ não tinha voltado e as mulheres que estavam na recepção nos disseram que ela voltaria só na quarta-feira”, contou Amanda. A família não arredou os pés. “Fomos maltratados, tentaram nos expulsar para fechar os portões do prédio e procuramos a imprensa”.

Depois de quase 10 horas de espera e insistência, a documentação para liberação do corpo foi entregue aos familiares, que devem voltar hoje com uma funerária para então enterrar o corpo de Gisele.

Depois de muita insistência e reclamação, familiares conseguiram a documentação.
Depois de muita insistência e reclamação, familiares conseguiram a documentação. Foto: Ciciro Back.

Descaso

A família alega que foi maltratada e que o que aconteceu no necrotério foi descaso, por falta de comunicação. “Em todo o tempo que ficamos esperando para a retirada do corpo, não fomos recebidos por nenhum responsável do IML ou alguém que nos desse uma resposta concreta. Pelo contrário, ainda zombaram com nossos sentimentos”, disse Amanda Marcondes.

Os irmãos de Gisele estavam revoltados com a forma em que foram atendidos antes mesmo de saberem que a mulher estava morta. “Por que quando procuramos o IML nos disseram que o corpo dela não estava no necrotério e, para uma funerária, passaram a informação? A quem interessaria a informação, a funerária ou aos familiares, que procuravam pela parente?”, indagou a irmã.

Com a chegada da funcionária, que teria trancado a documentação na sala, os familiares foram chamados para uma rápida reunião em que a mulher esclareceu a eles o que teria acontecido. “Ela nos disse que ela nem sabia que a documentação estava na sala dela, porque a papelada não era nem para estar lá. Mas as outras funcionárias disseram que era responsabilidade dela, por isso estava na mesa, dela”, contou Amanda.

Segundo a família, a funcionária contou que não viajou a lazer e sim a trabalho. “Ela falou que precisou ir a outros IMLs do Paraná, não entrou em detalhes, mas o carro que a deixou na porta do IML veio com uma prancha de surf. O que isso significa?”.

A mulher teria contado ainda aos familiares que o documento foi colocado por debaixo da porta por outras funcionárias que tentaram a derrubar. “O que esperamos agora é que isso não acabe por aqui. Porque queremos uma resposta, queremos que alguma coisa seja feita”, disse Amanda. No IML, ninguém se pronunciou sobre o assunto, muito menos conversou com a equipe do Paraná Online de forma oficial para esclarecer a situação.

O secretário da Segurança Pública, Fernando Francischini, disse que interveio diretamente na situação que envolveu a família de Gisele. O secretário afirmou ainda que a diretoria do IML mudou na semana passada e que a nova administração está mudando padrões para dar agilidade e conforto aos familiares. 

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