Uma ação integrada da Polícia Militar e órgãos municipais está de olho na “Rua do Cincão”, conhecida por concentrar adolescentes que cobram valores entre R$ 1,99 e R$ 5,00 para se prostituírem. Desde 5 de agosto, viaturas rondam a região entre as ruas Pe. Francisco Júlio de Azevedo e Ernesto de Araújo, próximas à Vila das Torres, Prado Velho, observando homens que abordam as menores e as levam a hotéis de rotatividade, lugares ermos ou “drive-ins” pela cidade.
A operação é idealizada pela Ação Integrada Fiscalização Urbana (AIFU) do Comando de Policiamento da Capital. Segundo o tenente Olavo Vianei Francischett Nunes, coordenador do projeto, o objetivo principal é recuperar as menores e reinseri-las no ambiente familiar, e, no caso das maiores, enviá-las a algum programa social para que desenvolvam outras atividades. “A maioria das adolescentes sequer freqüenta a escola. Por isso precisamos do apoio do Conselho Tutelar, para cobrar uma atitude das famílias”, disse o tenente.
Na primeira etapa do programa, viaturas descaracterizadas observaram o movimento e abordaram clientes em potencial, que cruzam a região com os vidros abertos à procura das meninas. Durante a observação, um “freguês” foi seguido até a Rua Maurício Nunes Garcia, perto da “Rua do Cincão”, onde foi pego praticando sexo oral com uma adolescente de 16 anos. Ele foi autuado em flagrante e levado ao . Distrito Policial. A menor, que já havia sido orientada pelo Conselho Tutelar e é portadora do vírus HIV, foi retirada das ruas e reencaminhada à família
Outra meta da AIFU-CPC é identificar estabelecimentos comerciais que lucram com a prostituição. Um drive-in no Cajuru, que estaria recebendo estas menores para a prática de sexo, foi descoberto e pode ter o alvará de funcionamento cassado. “Os comerciantes que deixam passar meninas sem exigir documentação são co-responsáveis pela exploração de menores. Queremos que as empresas cumpram com sua função social na área da segurança”, falou o tenente.
Segundo Vianei, o trabalho na “Rua do Cincão” já está numa fase posterior – à do policiamento ostensivo. Os próximos alvos são a Rua Brigadeiro Franco, imediações do cruzamento com a Presidente Kennedy, na Vila Guaíra, e a BR-116, no Bairro Alto – outros conhecidos pontos de prostituição de adolescentes.
Casas noturnas também são vasculhadas
As casas noturnas de Curitiba também passaram pelo crivo da AIFU-CPC. As mais famosas, que costumam fazer publicidade, já foram visitadas pelos integrantes da operação, mas não houve registro de prostituição de menores.
Segundo o tenente Olavo Vianei Francischett Nunes, coordenador da operação, é difícil caracterizar o favorecimento à prostituição neste tipo de boate. As casas, que obtêm alvará como sauna, uíscaria ou outro ramo de atividade, servem como “ponto de encontro” para eventuais programas amorosos, e cobram algum percentual das meninas. A maior parte das boates eliminou os quartos – que poderiam caracterizar o estímulo à atividade sexual remunerada -, mas mantém “camarotes” com sofás.
O problema, neste caso, é responsabilizar legalmente os que lucram com a venda do corpo alheio. “O cliente e a prostituta não estão cometendo crime. Mas, para identificar quem está favorecendo a atividade, ambos têm que ser levados num camburão à delegacia e depôr na condição de testemunhas. Quase nunca se sujeitam a isso”, falou o tenente.
De acordo com o Comando de Policiamento da Capital, 26 menores foram retiradas das boates de Curitiba nos últimos três anos. No ano passado, porém, foram registrados apenas dois casos. “É um claro indício de que a fiscalização tem sido eficiente. Desafio alguém a apontar menores se prostituindo em boates da cidade. Como o índice é praticamente zero, nosso foco deslocou-se para as ruas”, afirma o oficial.