A polícia já divulgou quatro retratos falados de suspeitos de roubo de relógios caros. |
Os roubos de relógios da marca Rolex continuam ocorrendo de forma sistemática em Curitiba e região. Ontem, dois empresários tiveram seus relógios roubados por ladrões que agiram em motocicletas, armados com revólveres calibre 38. Pode haver relação entre os assaltos, tratando-se de uma mesma quadrilha. Um empresário paulista, que acabara de chegar a Curitiba, procedente de São José do Rio Preto, foi a primeira vítima. Às 10h, desembarcou no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, e à sua espera já estavam um segurança e o motorista. Apesar disso, um desconhecido acompanhou os passos da vítima, chegando mesmo a passar bem próximo, como se quisesse observar o relógio e objetos que o empresário portava. Esse suspeito foi descrito como sendo de cor branca, 1,80 m de altura, 75 quilos, 30 a 35 anos, cabelo preto e liso.
O empresário entrou no carro que o aguardava (Ford Taurus dourado), sentando-se no banco dianteiro do passageiro, ao lado do motorista. O segurança ficou no banco traseiro. O carro saiu do aeroporto e quando transitava pela Avenida Rui Barbosa, em São José dos Pinhais, um Fiat Uno, de cor branca, o ultrapassou e, em seguida, parou no semáforo fechado. O Taurus parou logo atrás. Nesse momento, uma motocicleta CG vermelha – placa levantada – com dois ocupantes, encostou ao lado direito do Taurus e o garupa, com um revólver (calibre 38) em mãos, bateu com a arma no vidro, apontando para o empresário. Os marginais ordenaram que a vítima entregasse o Rolex, o que foi feito sem reação. O garupa foi descrito como mulato, gordo, aproximadamente 1,65 m de altura, rosto redondo. O outro não foi possível descrever. A dupla de motoqueiros fugiu em seguida, tomando rumo ignorado.
Mais um
A segunda vítima foi abordada no início da tarde na esquina da Avenida Silva Jardim com Rua Brigadeiro Franco, centro de Curitiba. Dois homens em uma motocicleta – modelo e cor não apurados – aproveitando o semáforo fechado, pararam ao lado do carro de um administrador de empresas e deram voz de assalto. Levaram o Rolex do jovem e fugiram. O garupa da motocicleta estava armado com um revólver calibre 38, era moreno escuro e rosto redondo. Outras características não puderam ser observadas, devido ao uso de capacete. A única característica marcante da motocicleta era de que possuía um adesivo amarelo em forma oval. Há possibilidade de os ladrões terem atuado nas duas situações.
Vítimas apontadas por “olheiro”
Em 20 dias, dois empresários tiveram seus relógios Rolex levados por marginais, após desembarcarem no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Certamente um “olheiro” está agindo dentro do aeroporto, repassando informações aos comparsas sobre as vítimas que usam relógios de marca. A partir das características da vítima, fornecidas pelo “olheiro”, as duplas de motoqueiros agem cometendo o assalto.
A primeira ocorrência dessa natureza, registrada em julho, foi no dia 6. A vítima desembarcou da aeronave e pegou seu carro, que estava no estacionamento do aeroporto. No caminho para casa, teve que parar em um semáforo, nas proximidades da Rodoferroviária, bairro Cristo Rei. Neste local, uma motocicleta azul com dois indivíduos encostou ao lado do carro e o garupa deu voz de assalto. Armado, o ladrão pegou o relógio Rolex e fugiu. O segundo caso aconteceu ontem, tendo como vítima o empresário paulista.
Além das ocorrências no aeroporto, outras situações de roubo a Rolex já foram divulgadas pela Tribuna. O caso de maior repercussão ocorreu em 7 de outubro, quando o empresário Yarede Yared Filho, 46 anos, se recusou a entregar o Rolex aos assaltantes e foi baleado, morrendo em seguida, ao dar entrada no Hospital Santa Cruz, no Batel. O empresário parou seu veículo (Cherokee), obedecendo o semáforo fechado, na esquina das ruas Vicente Machado e Francisco Rocha. Uma motocicleta vermelha, com dois ocupantes, parou poucos metros atrás do carro e o garupa desceu. Foi dada voz de assalto e em seguida discussão e tiro. Os marginais fugiram com o relógio. Até o momento, a polícia ainda não divulgou a autoria deste latrocínio (roubo seguido de morte), entretanto três retratos falados dos possíveis autores já foram divulgados pela Delegacia de Furtos e Roubos. Um outro retrato falado de assaltante de Rolex também já foi divulgado pela polícia. O delegado Rubens Recalcatti, responsável pelas investigações, disse que está trabalhando na elucidação do caso. Apesar de a polícia não confirmar, a Tribuna divulgou na semana
passada que um ladrão, conhecido por “Porquinho” (Wagner Schemberg Gomes, 22 anos), preso em Alto Maracanã, Colombo, pode ter envolvimento direto no assassinato do empresário. Ele não teria atirado na vítima, mas seria o piloto da motocicleta.
Paulistas descobriram a “mina”
Há alguns meses, na Rua 13 de Maio, centro de Curitiba, uma dupla de motoqueiros aproveitou o congestionamento e assaltou uma vítima. A cena foi presenciada por um delegado, que chegou a trocar tiros com os bandidos. Eles fugiram em uma motocicleta de grande porte, provavelmente uma BMW. Em agosto, outro delegado foi a própria vítima do assalto, na Avenida Silva Jardim. O marginal, armado com revólver, chegou a levar o relógio do policial, mas foi perseguido e se desfez do produto do roubo durante a fuga. Entretanto, chegou a atirar contra o delegado, que preferiu não revidar, pois havia muitas pessoas no trânsito.
O delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos, informou que há outros casos sendo investigados pela especializada. No final de 2003 e começo deste ano, vários assaltos contra usuários de relógios de marca foram registrados nos bairros Batel e centro, porém, o modo de atuação dos marginais era diferente. Os assaltantes atacavam as vítimas em semáforos e fugiam a pé, sem o uso de motocicletas. Vários assaltantes foram presos e todos eram da mesma cidade: Francisco Morato, região metropolitana de São Paulo.
Em outubro do ano passado, devido a grande incidência de assaltantes paulistas presos em Curitiba roubando Rolex -, investigadores da DFR viajaram ao estado vizinho, e com a ajuda da polícia paulista, conseguiram identificar vários integrantes de uma quadrilha especializada no roubo de relógios de marca. Integrantes do bando se revezavam em viagens constantes a Curitiba para fazer os roubos. Eles viajavam de ônibus, passavam uma tarde na capital paranaense e retornavam à noite. Em São Paulo há vários receptadores para este tipo de relógio. Os receptadores também estão sendo investigados e procurados pela polícia.