Roberto Bertholdo quer abrir um jornal

O advogado paranaense Roberto Bertholdo, preso em regime domiciliar, está diversificando suas atividades. Ele está contratando jornalistas para um novo veículo de comunicação que deve lançar nos próximos meses.

Os patrocinadores não foram divulgados, mas um dos profissionais entrevistados por Bertholdo para o cargo de editor-chefe, que preferiu não se identificar, contou que presenciou uma ligação do advogado para o secretário especial do governo do Paraná, Luis Mussi, para marcar uma reunião para ontem a tarde.

E ontem, por volta das 16h30, a Tribuna flagrou um carro oficial entrando na casa do advogado.

Bertholdo é acusado de diversos crimes e de ter envolvimento com o ex-deputado estadual Tony Garcia, de quem foi sócio, e com o ex-deputado federal acusado no escândalo do mensalão, José Janene. Entretanto, esta é a primeira vinculação que se tem notícia do advogado e o governo de Roberto Requião. Um grande jornal do Paraná publicou na edição da última quarta-feira um anúncio que dizia: ?Empresa de Comunicação contrata jornalista (…) para o cargo de editor-chefe?. Algumas entrevistas com profissionais já foram realizadas por Bertholdo na própria quarta-feira. Quem estaria bancando o novo veículo de comunicação seriam, segundo Bertholdo informou aos que concorrem ao cargo, três grupos financeiros de São Paulo.

O advogado voltou à ativa desde que recebeu o benefício da prisão domiciliar, concedido no final de novembro do ano passado em caráter liminar pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. Em sua decisão o ministro argumentou que Bertholdo tem direito ?pela condição de advogado?. Bertholho mora no Batel.

Rol de acusações

Bertholdo foi preso pela Polícia Federal em dezembro de 2005, acusado de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e escuta telefônica clandestina. No ano passado o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região condenou o advogado a dois anos e oito meses de detenção e a pagar R$ 220,5 mil pelo crime de escuta telefônica ilegal. Ele é acusado de mandar grampear o telefone do juiz federal Sérgio Moro, da 2.ª Vara Federal de Curitiba.

Também no ano passado o advogado foi condenado pelo TRF à pena de seis anos e oito meses de reclusão por tráfico de influência e exploração de prestígio em tribunais de Brasília para beneficiar o ex-deputado estadual Tony Garcia. Ainda em 2006 a revista Veja trouxe uma denúncia em que Bertholdo, que foi assessor do ex-deputado federal José Borba (PMDB), era acusado de operar o mensalão. De acordo com a denúncia ele distribuía mensalão a 55 dos 80 deputados federais do PMDB.

A revista trouxe ainda a transcrição de conversas entre Bertholdo e o seu ex-sócio, o advogado Sérgio Renato Costa Filho. Nas gravações Bertholdo diz que o presidente da Itaipu, Jorge Samek, cobrou R$ 6 milhões de propina de uma empresa para perdoar a dívida de R$ 200 milhões. Na época a Itaipu negou que a negociação tenha acontecido. Além disso, há um processo na Justiça Estadual em que Sérgio Costa acusa Bertholdo de seqüestro, tortura e extorsão.

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