“Não se trata de castigo, mas sim de cumprimento de normas”, explica o diretor da unidade, coronel (já reformado) Justino de Sampaio Filho, exibindo as regras impressas no Estatuto Penitenciário do Estado do Paraná. No livrinho branco de letras graúdas constam todos os direitos e os deveres dos presos. Quando eles desobedecem as regras, ficam sujeitos às punições ali determinadas. E apesar das regras serem rígidas, muitos deles arranjam meios para burlá-las, como por exemplo conseguir improvisar armas para dominar ou ferir inimigos que estão na cadeia.
Motim
E foi com as armas improvisadas que os reclusos da galeria A conseguiram realizar o motim de domingo. Usando cabos de colheres de plástico e até cabos das escovas de dentes, confeccionaram “estoques” e promoveram uma briga generalizada logo após o banho de sol. O grupo se recusou a voltar para as celas, deu início a uma gritaria e logo todos estavam se espancando. Quebraram o televisor que servia aos detentos da galeria e com os cacos de vidro feriram com gravidade dois detentos. Chegaram a escrever nas costas dos presos e pendurá-los nas grades para vê-los sangrar. Somente com a chegada de equipes do Batalhão de Choque e com o estouro de uma bomba de efeito moral é que a situação foi controlada.
“Como se tratam de presos provisórios, ainda não condenados, esta cadeia é muito nervosa. Muitos deles ainda não têm noção das novas normas, já que são oriundos das delegacias, onde viviam amontoados e sem disciplina”, lembra o diretor. Os dois detentos feridos foram transferidos para o Complexo Médico Penal (em Pinhais) onde permanecem internados. Os demais ficarão sem a regalia do televisor, sem as visitas e alguns ainda responderão a procedimento disciplinar. Os cabos das colheres de plástico e das escovas de dentes foram arrancados e assim todos terão que se readaptar para comer e fazer a higiene bucal.