Matinhos

Reviravolta no caso do Morro do Boi

A prisão em flagrante de um assaltante, também acusado de estupro, pode dar uma reviravolta no caso do Morro do Boi, em Caiobá. O detido, com antecedentes criminais, tem a fisionomia parecida com o retrato falado do homem que matou o estudante Osíris del Corso e deixou paraplégica Monik Pergorari Lima, em 31 de janeiro.

Paulo Delci Unfried, 32 anos, ex-segurança, foi apanhado ontem pela manhã, pela Polícia Militar, após roubo em uma residência no balneário de Betaras (em Matinhos).

No interior do carro dele, além de um revólver calibre 38 e uma garrucha calibre 22, a polícia encontrou uma camiseta preta, com três buracos, que ele usava como máscara nos assaltos. Outro indivíduo, mais baixo e mais gordo que Paulo, que seria seu cúmplice, ainda é procurado.

Exames

O delegado Tadeu Bello, da delegacia de Matinhos, autuou Paulo em flagrante pelo roubo. Com relação ao crime no Morro do Boi, o delegado não quis adiantar nada.

Disse que não pode tumultuar o outro processo, que já está em fase de julgamento, em que é réu Juarez Ferreira Pinto, 42. Mesmo assim, confirmou que pedirá exame de balística nas duas armas apreendidas com Paulo.

Ele também poderá pedir o exame de DNA de Paulo, para compará-lo ao do sangue encontrado em uma camiseta amarela, que foi achada no Morro do Boi, dias após o crime.

Monik, a princípio, reconheceu a camiseta como a do homem que atirou nela e no namorado. Mas o DNA do sangue não foi compatível com o de Juarez e a prova foi descartada.

Paulo, segundo testemunhas, mora a 300 metros do morro, na Praia Mansa de Caiobá. E Juarez, o primeiro acusado do crime, foi preso a 22 quilômetros do local, em 17 de fevereiro. Juarez sempre negou qualquer envolvimento no delito.

Assalto e violência sexual

Paulo invadiu uma residência em Betaras, em Matinhos, por volta das 9h de quarta-feira, de acordo com a sargento Margarida. A policial relatou que o suspeito dominou a proprietária e amarrou-a em seu quarto.

Depois de três horas na casa e de ter violentado sexualmente a vítima, ele saiu com vários objetos, entre eles um videogame. Somente às 13h30 a mulher conseguiu se soltar e telefonar para a PM.

Vizinhos informaram que o suspeito, em companhia de outro indivíduo, havia deixado o local num Gol vermelho. Equipes da PM fizeram buscas mas não os encontraram.

Ontem, em telefonema anônimo, alguém informou os números da placa do carro. O veículo foi encontrado, estacionado numa rua de Matinhos. Quando Paulo chegou e guardou alguma coisa no porta-malas, foi detido. Na revista feita no automóvel foram achadas as armas e objetos roubados da casa de Betaras.

Outro

Na semana passada, outra mulher sofreu assalto em casa, no balneário Monções. Ela foi trancada no banheiro, por um bandido que usava máscara preta, e não foi molestada. Ontem ela reconheceu a máscara e também uma das armas de Paulo.

Como houve perseguição continuada ao suspeito, o delegado Tadeu Bello autuou-o em flagrante, ontem à noite. “A PM ainda procura o segundo acusado, mas já há provas suficientes contra Paulo”, explicou o policial.

O suspeito responde inquérito por homicídio culposo (atropelou e matou um motociclista) e responderia ainda por porte ilegal de arma, de acordo com o delegado.

Julgamento arrastado

No último dia 17, em audiência que durou quase dez horas, Juarez Ferreira Pinto foi interrogado pela primeira vez, no Fórum de Matinhos, depois de ouvidas testemunhas de defesa e de acusação, para a instrução do processo criminal. Ele voltou a negar o crime, como o fez na delegacia.

Laudos de perícia e médicos ainda serão anexados ao processo, bem como outras dez testemunhas serão ouvidas em Curitiba, através de carta precatória. Somente depois disso, o juiz dar&a,acute; prazo para defesa e acusação fazerem as alegações finais e então decidirá se pronunciará o réu, mandando-o a júri popular (caso entenda que se tratou de homicídio) ou a júri singular (caso confirme um latrocínio – roubo com morte). Na segunda hipótese, o juiz dará a sentença, sem a presença do corpo de jurados.

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