Dois júris ontem tiveram resultados favoráveis aos réus. Há 21 anos, em Pinhais, Valdenir Ferreira dos Santos, 44 anos, o “Coveiro”, matou com cinco tiros o colega de trabalho João José da Silva, 43. Em 2010, Ederson Krensiglova, 22, matou com uma facada no coração seu irmão José Rogélio Brai Krensiglova, 30. Nenhum dos acusados ficará trancafiado.
Segundo declarações de Valdenir, na época, os dois trabalhavam na mesma indústria de plásticos, na Rua Jandaia do Sul. Uma das máquinas encrencou e Valdenir chamou o técnico para consertá-la. João teria acusado Valdenir de estragar a máquina para não ter que trabalhar e ambos discutiram duas vezes. Por isto, João teria prometido “acertar as contas na saída”. Quando iam embora e se encontraram na rua, Valdenir disse que João mostrou uma faca. Para se defender, Valdenir sacou um revólver e o descarregou no rival. Ele foi preso, mas foi liberado após o interrogatório.
O júri de Valdenir começou às 10h e encerrou às 16h30, no Fórum de Pinhais. Mesmo o Ministério Público insistindo na condenação, por causa da quantidade de tiros, o advogado do réu, Luís Gustavo Janiszewski, conseguiu convencer os jurados de legítima defesa. “Alguém morreria na situação. Se não fosse o João, seria o Valdenir. Ele apenas se defendeu”, analisou o defensor.
Mesmo passados 21 anos do crime, ocorrido em agosto de 1993, o júri contou com cinco testemunhas do assassinato. Janiszewski acredita que a demora do julgamento se deu por mudanças no Judiciário. Ele explicou que, em 1993, Pinhais ainda não tinha Fórum e os julgamentos eram feitos pela Comarca de Piraquara. No início dos anos 2000, Pinhais recebeu Fórum. Além da demora para receber todos os processos referentes à cidade, diz o advogado, o Fórum tinha apenas um juíz para cuidar de todas as áreas. Mas com o passar do tempo o Fórum se estruturou e casos antigos voltaram a tramitar.
Irmãos
Em setembro de 2010, Ederson matou, com uma facada no coração, seu irmão José, na casa deles, em Santa Felicidade. José teria brigado com Ederson ao descobri-lo usando drogas no banheiro da residência. Ambos discutiram, Ederson foi até a churrasqueira, onde o irmão mais velho preparava churrasco para amigos, pegou uma faca e golpeou José. Ele respondia o processo em liberdade.
No julgamento de ontem, o homicídio foi desclassificado para lesão corporal seguida de morte e Ederson, defendido pelo advogado Amilcar Teixeira, foi condenado a quatro anos em regime aberto, segundo informou o Tribunal do Júri. Ele terá direito de trabalhar durante o dia, mas à noite e nos fins de semana deve se recolher em algum estabelecimento penal de segurança mínima ou permanecer em casa. Não pode ir às ruas à noite e nos fins de semana, além de outras regras impostas pelo juiz.