Mesmo tendo demostrado publicamente que não está nem um pouco preocupado com a condição dos presos da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, depois da rebelião dos dias 14 e 15, o governador Roberto Requião pressionou ontem, durante a reunião da Operação Mãos Limpas, em Curitiba, seus comandados para que concluam o mais rápido possível o inquérito policial.

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Ao seu estilo, Requião praticamente já sentenciou até mesmo de quem é a culpa do motim. “O inquérito para verificar a responsabilidade do sindicato dos agentes e de alguns funcionários públicos na tragédia da rebelião continua. Espero notícias dentro de, no máximo, 10 dias. Então, saberemos exatamente o que houve”, afirmou Requião.

O confronto entre presos de facções rivais, que pode ter sido facilitado, é apontado como o principal motivo da rebelião. O governador ignorou a possibilidade da rebelião ter sido motivada pela retirada da Polícia Militar do presídio.

Como de costume, o governador disparou contra a imprensa. Ele lamentou o fato de a imprensa ter “tentado culpar o governo”, ao afirmar que havia um agente para cada 112 presos. Para o governador, essa informação poderia colocar em risco a segurança da população.

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Segundo dados do secretário da Justiça, Jair Ramos Braga, existem 14 mil presos nas penitenciárias estaduais e 3.359 agentes penitenciários. A proporção é de 4,3 presidiários por agente.

Conforme Requião, as informações divulgadas pelo Sindicado dos Agentes Penitenciários tinham por objetivo pressionar o governo para que atendesse suas reivindicações.

Investigações

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O delegado Osmar Feijó, da delegacia de Piraquara, ouviu na tarde de ontem alguns familiares dos presos que morreram durante a rebelião. Segundo ele, o próximo passo será ouvir os agentes penitenciários.

“Durante a semana vamos focar nos presos e na semana que vem nos agentes. Temos que entender tudo, e como as coisas aconteceram, para não cometer erros”, explicou.