Depois que parte dos policiais militares de Curitiba fez uma paralisação na noite de quarta-feira por conta de um boato de que o aumento salarial deles seria de apenas R$ 150, o governador Roberto Requião se irritou e ameaçou prender e demitir quem tumultuou o sistema de rádio ou deixou de atender ocorrências. “É cadeia e rua”, disparou Requião, ontem, em Londrina, no norte do Paraná.
O comandante da Polícia Militar (PM), coronel Luiz Rodrigo Larson Carstens, informou que a corporação tomará todas as atitudes necessárias para identificar os possíveis envolvidos no caso. Na noite de quarta, pelo radiocomunicador da PM, os policiais comentavam que o aumento era “ridículo” e, mobilizaram a tropa a parar.
“Não tivemos problemas no atendimento à população, mas serão aplicados todos os mecanismos legais para identificar os envolvidos no congestionamento no sistema de comunicação da polícia. Esse sistema de rádio pode sofrer interferências externas, mas vamos apurar os responsáveis, não podemos compactuar com esse tipo de comportamento”, afirmou o coronel.
Na noite de quarta, muitos PMs se concentraram nas sedes do 12.º, 13.º, 17.º e 20.º batalhões, em Curitiba, para discutir uma possível greve. O coronel Carstens explicou que a notícia do reajuste de R$ 150 foi boato e afirmou desconhecer que os policiais usaram o rádio para fazer a manifestação.
Segundo ele, o protesto culminou com o adiamento da discussão da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300, em Brasília (que trata do salário e carreira dos policiais) e com o envio à Assembleia Legislativa do Paraná do projeto de lei que trata do aumento de 25,6% para os PMs, o que daria um acréscimo de R$ 471,44 – e não de R$ 150, como circulou nos batalhões.
“Foram interpretações distorcidas e não houve tempo hábil de esclarecer aos policiais”, afirmou. O próprio governador tentou conversar com os PMs pelo rádio, mas foi xingado.
Para Carstens, o aumento salarial será uma “revolução”. Ao entrar na PM, um soldado recebe, hoje, cerca de R$ 1,8 mil. No entanto, apenas R$ 338 correspondem a seu soldo.
O valor total da remuneração é composto pela soma do soldo mais gratificações, benefícios e adicional de periculosidade. Porém, para contabilização de uma gratificação por tempo de serviço, por exemplo, é feito apenas sobre o soldo.
A proposta do governo prevê que todos os benefícios, exceto o adicional por tempo de serviço, sejam adicionados ao soldo. Pelo projeto, o soldo inicial de um soldado passaria a R$ 2.289.
Panelaço
No início da noite de ontem, esposas de policiais militares fizeram um panelaço e trancaram a entrada do 13.º Batalhão, no bairro Novo Mundo. Por volta de 21h, elas permitiram a saída de quatro viaturas do pátio, após ameaça do comando de demitir os policiais que estavam na unidade. Ontem, as frequências de rádio da PM ficaram praticamente mudas, sendo interrompidas apenas por algumas brincadeiras.