Juliano Ribeiro mostra como
atirou em direção à casa.

Numa reconstituição que levou mais de duas horas, ontem pela manhã, a polícia esclareceu detalhes da morte da costureira Vanira Costa, 68 anos, vítima de uma bala perdida, em 2 de agosto, no Bairro Alto. O caso é considerado elucidado pela Delegacia de Pinhais, que prendeu os quatro ocupantes da Caravan de onde partiu o disparo fatal. Todos mostraram, passo a passo, como aconteceu o tiroteio, mas o principal suspeito não admite ter atingido a costureira.

Segundo a polícia, Juliano Gomes Ribeiro, 18 anos, menor de idade à época do fato, matou Vanira. Ele e os amigos Marvim Cristiano Szpack, 21 anos, Luciano de Lima, 23, e um adolescente, de 17, desentenderam-se com um homem ainda não identificado, que era o alvo dos tiros. O desconhecido não se feriu, mas a bala que atingiu a costureira teria saído do confronto.

No dia 2 de agosto, perto das 23h, dois rapazes telefonaram para o mecânico Luciano para consertar o Chevette ABX-3055, que havia quebrado a uma quadra da casa da vítima. Luciano partiu de Pinhais com sua Caravan AGN-8409, levando consigo os amigos Juliano, Marvim e o menor. No caminho, tiveram uma discussão fútil com um rapaz, que estava acompanhado da namorada e não era conhecido de nenhum deles. O adolescente teria atirado em direção ao rapaz, sem atingi-lo.

Tiros

O socorro ao Chevette foi concluído e os quatro ocupantes da Caravan voltavam para casa quando toparam com o mesmo rapaz, na Rua Visconde de Abaeté, em frente à casa de Vanira. Juliano confessou ter atirado cinco vezes, sentado na janela da porta direita da Caravan em movimento. O desconhecido, que não revidou os disparos, agachou-se e escapou dos tiros. Mas, de acordo com a polícia, uma das balas atravessou a janela da casa da costureira e a atingiu na testa. A mulher estava sentada em frente a máquina, costurando um vestido para a neta de quatro anos, que faria aniversário no dia seguinte. Vanira morreu na hora.

Mesmo admitindo que atirou no desconhecido, Juliano disse que não matou Vanira. “Todos os tiros foram para o chão. Da minha arma não saiu nenhum tiro na casa”, alegou. Três balas atingiram a casa da costureira, outra acertou uma igreja evangélica vizinha e a quinta perdeu-se.

Para o delegado Artur Zanon, de Pinhais, a alegação do principal acusado não reduz a certeza de que partiu dele o tiro fatal. “Não há a menor dúvida de que o autor direto foi Juliano. Foram disparados cinco tiros em um trajeto de 50 metros, que atingiram a casa da costureira dos dois lados”, falou o delegado. Marvim apresentou versão diferente, afirmando que o tiroteio ocorreu a uma quadra da casa da costureira. “Houve alguma confusão porque estava escuro”, justificou o delegado.

Punição

A família da vítima também está certa da culpa de Juliano. “Ela morreu durante este tiroteio, não houve confusão antes ou depois disso”, afirma a neta Patrícia Luciano Gusmão, 26 anos, que se disse revoltada pela perspectiva de uma pena branda ao acusado.

A identificação dos acusados começou quando a polícia de Pinhais prendeu Claudemir da Silva, 18, por furto de impulsos de sinais telefônicos, há um mês e meio. Ele era um dos ocupantes do Chevette que estragou perto da casa de Vanira, e comentou algo sobre o episódio. Dias depois o adolescente que ocupava a Caravan também foi preso, sob acusação de participar de dois homicídios. A partir dos dois depoimentos, a polícia levantou os nomes dos demais suspeitos.

Segundo Zanon, Juliano está com mandado de apreensão expedido pela Justiça e será indiciado por homicídio – mas julgado como menor de idade. Os demais ocupantes da Caravan responderão como co-autores do crime.

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