A Polícia Militar fez ontem, a reconstituição do assassinato do estudante Anderson Froese de Oliveira, 18 anos. Ele foi morto durante uma abordagem no último dia 2, na Avenida Marechal Floriano Peixoto, Parolin. O fato ocorreu dentro do quartel da Polícia Militar para desviar a atenção da imprensa, que aguardava no local exato. Isto quebrou a promessa de transparência no caso feita pelo tenente-coronel José Paulo Betes, comandante do 13.º Batalhão, que garantiu que todo o caso poderia ser acompanhado pela imprensa e frisou que em hipótese alguma iria haver corporativismo.

Somente o cabo Odair Afonso Konkel, 26 anos, e o soldado Nilton Hasse, 33, acusados de matar o garoto, policiais do 13.º Batalhão, o advogado de defesa dos PMs, Peter Amaro de Souza e o menor de 16 anos, que acompanhava Anderson, participaram da simulação do crime.

O advogado da família de Anderson, Osmann de Oliveira comentou que o ato da reconstituição já nasceu nulo porque não ocorreu no local da morte nem teve o acompanhamento de um perito criminal, como é de praxe. “Além de fugir do Direito Processual Penal e de não ser correto serviu para constranger a família da vítima e o garoto de 16 anos, que acompanhava o Anderson no momento da execução e foi torturado para contar que houve troca de tiros”, ressaltou o defensor. Ele disse que em toda a sua carreira nunca viu uma reconstituição de crime semelhante à realizada pela Polícia Militar. “Se isto já ocorre agora, imagine depois. Isto faz as pessoas desacreditar no IPM. Estão fazendo as coisas da maneira deles para anular o inquérito e colocar os policiais em liberdade”, acusou o defensor. “Este foi um dos motivos pelo qual entrei com pedido no Tribunal de Justiça para definir de quem é a atribuição para apurar os fatos”, salientou.

Osmann disse ainda que não foi avisado pelo tenente Selmer, que preside o Inquérito policial militar, de que haveria a reconstituição. “Ficamos sabendo pela imprensa. Temos procuração da família para acompanhar todo o inquérito”, salientou. Ele acredita que se o inquérito que estava sendo apurado pelo delegado Sebastião Ramos Santos Neto, da Delegacia de Homicídios, tivesse em andamento seria melhor apurado, já que não existiria o risco de corporativismo, que é o maior temor da família do estudante. Por isso ele luta para que o caso retorne para a Polícia Civil.

PM

O tenente-coronel Betes garante que não tentou esconder o fato da imprensa em momento algum. Segundo ele o advogado dos policiais acusados é que entrou com o pedido para não fazer a reconstituição no local, devido ao fato da imprensa poder acompanhar o caso. “Na próxima semana deveremos concluir o inquérito”, disse o coronel. Ele salientou que a reconstituição foi feita para sanar dúvidas do tenente, que não pretende fazer outra.

O advogado de defesa dos PMs, Peter Amaro de Souza, disse que fez o pedido para não expor seus clientes na imprensa. “Eu requeri e eles aceitaram. Perguntaram se poderia ser feito no quartel e eu concordei”, resumiu o defensor.

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