Depois de quase 22 horas rebelados, os presos da Cadeia Pública Laudemir Neves, em Foz do Iguaçu, se renderam às 8h de ontem. Os detentos liberaram o agente carcerário Barbosa, que permaneceu refém durante o motim, sendo torturado pelos presos, e entregaram quatro armas: três revólveres calibre 38 e uma pistola nove milímetros. Durante a manhã, policiais fizeram uma varredura na cadeia e recolheram estoques (armas improvisadas).
Os líderes do motim foram identificados pela polícia e autuados em flagrante pelo delegado Marco Antônio Góes. Adair Lemes, 31 anos, que está preso por roubo, foi o detento que simulou passar mal, e foi levado para a enfermaria, de acordo com o delegado. Enquanto era atendido, Adair surpreendeu os agentes, levantando-se bruscamente e atirando contra eles. ?Este homem é perigoso. O irmão dele, Manoel Mendes, está preso por roubo em Curitiba. Adair foi o autor dos disparos que atingiram os agentes Alcindo Jacinto Desidério, 31 anos, e César Matji, 33?, contou Marco Antônio. Alcindo morreu na hora. César, permanecia internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, segundo informações da polícia, os médicos constataram sua morte cerebral.
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César está na UTI. |
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Alcindo morreu na hora. |
Adair foi autuado em flagrante pelo homicídio e tentativa de homicídio, referente aos agentes, e pelo motim. Também foram autuados pelos mesmos crimes Emerson de Jesus Moreno da Silva, 30 anos; e Daniel Filipini Michieleto, 24; ambos presos por roubo. Marcelo José Carvalho, 22 anos, que está recolhido por porte ilegal de arma e assalto, irá responder pelos crimes de tortura, motim e dano ao patrimônio público, junto com Claudinei dos Santos, 29 anos, que está preso por roubo e tráfico de drogas. ?Durante o motim eles cobriram os rostos, mas os identificamos através das tatuagens. O Marcelo e o Claudinei pisavam na cabeça do agente, davam-lhe coronhadas e apontavam as armas para os policiais que estavam do lado de fora?, detalhou Marco Antônio.
Também foi morto durante a rebelião o detento Fernando Dendena, 22 anos. Ele estava recolhido na cadeia há uma semana, por porte de drogas.
Onze serão transferidos para o presídio de Foz
O delegado Luís Alberto Cartaxo de Moura, que comandou as negociações, informou que, inicialmente, 11 detentos serão transferidos para o Presídio Estadual de Foz do Iguaçu. A Cadeia Pública Laudemir Neves tem capacidade para 350 detentos, e abrigava 770. ?Tiramos as lideranças. Instauramos o inquérito policial para apurar como as armas entraram no presídio?, afirmou o delegado. Esta foi a segunda rebelião que ocorreu este ano, na cadeia de Foz do Iguaçu. A primeira aconteceu no dia 14 de maio e durou dois dias, mas não houve mortos. A rebelião que terminou ontem foi considerada a mais violenta dos últimos anos, na cidade. Além dos agentes e preso mortos, outro agente e onze detentos saíram feridos.
