Após quase 14 horas de rebelião, os presos de Cruzeiro do Oeste começam a ser transferidos para outras unidades, no começo da manhã desta quinta-feira (11). A unidade teve quase 60% da estrutura danificada e, além de um agente carcerário, 13 presos foram mantidos reféns pelos rebelados. O agente foi libertado no fim da manhã, depois que alguns presos ganharam transferência. Ao todo, 73 detentos foram transferidos: 39 para Maringá, 20 para Londrina, 10 para Piraquara e quatro para Foz do Iguaçu.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), as rebeliões que vem acontecendo no Estado mostram, segundo ele, tragédia anunciada. “Não é de hoje que estamos denunciando que o Sistema Penitenciário do Paraná está a beira do caos. Com essa política de superlotar as unidades existentes, transferindo presos das delegacias para o sistema, sem sequer construir uma única unidade, não é surpresa nenhuma que isso tudo aconteça”, diz Antony Johnson.
Para o presidente do Sindarspen, é questão de tempo para que outras rebeliões aconteçam em diferentes locais do Paraná. Segundo o sindicato dos agentes, os presos reclamam da superlotação. “Além disso, falta todo tipo de assistência possível aos detentos, de alimentação a uniforme”.
Vagas
Por outro lado, a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), garante que a penitenciária de Cruzeiro do Oeste oferece 1.108 vagas, e estava com 844 presos. O argumento da Seju é de que os presos pediam transferência para ficar perto de familiares e não porque as celas estariam superlotadas. A mesma justificativa se aplica à rebelião em Cascavel, no mês passado. De acordo com a Seju, a penitenciária da cidade tinha 1.116 vagas e estava com 1.037 detentos.
Com relação à reclamação dos presos de falta de atendimento médico na penitenciária de Cruzeiro do Oeste, a Seju alegou ter um médico trabalhando 20 horas semanais na unidade e que também está disponível um advogado para atender os presos.
Greve
Entre os agentes penitenciários, ainda existe clima de insegurança. Desde dezembro do ano passado, 27 agentes foram feitos reféns nas unidades penais do estado, em 18 rebeliões. “Temos reunião extraordinária marcada para essa sexta (12) com a Seju. Cobraremos soluções e, saindo da reunião, convocaremos assembleia geral da categoria para dia 17, onde poderemos decretar o movimento grevista”, alerta Antony Johson.
Diante do sentimento de insatisfação dos profissionais, a Seju chamou o sindicato para conversa. Reunião com os representantes dos trabalhadores foi marcada para esta sexta-feira (12), às 15h, na sede da secretaria.