Razera admite varredura à Justiça

O policial civil Délcio Augusto Razera, acusado de instalação de grampos telefônicos, foi ouvido ontem, no Fórum de Campo Largo, junto com outros cinco indiciados pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC) na Operação Pátria Nossa, deflagrada no início de setembro. Em seu depoimento, o policial – que se apresentava como assessor da Casa Civil do Governo do Estado – negou que executasse escutas ilegais, afirmando fazer apenas varreduras telefônicas (detecção de grampos) para fins comerciais e de investigações estratégicas a pedido do governo do Estado. Ele reafirmou ainda manter com o governador reeleito, Roberto Requião, relacionamento estritamente profissional.

Délcio Razera chegou ao fórum por volta das 9h, escoltado por policiais, mas vestindo terno e sem algemas -diferentemente dos outros cinco acusados, que usavam uniformes e tinham a cabeça raspada. O primeiro a prestar depoimento foi o advogado de Razera, Luiz Fernando Comegno, acusado de encomendar escutas telefônicas. Depois dele, foi ouvido pelo juiz Gaspar Luiz Mattos de Araújo Filho, o técnico de uma companhia telefônica que prestava serviços a Razera, Mauro César Fabrin.

O terceiro a entrar para a audiência foi Isaque Pereira da Silva, já no início da tarde.

Ele teria confirmado, ainda de acordo com informações repassadas pelo advogado de Razera, que prestava serviços ao policial tanto de varreduras telefônicas como de grampos. Já Razera, que foi ouvido logo depois por cerca de duas horas, disse que fazia somente varreduras a pedido de clientes de uma empresa do grupo G7 em busca de informações de cunho comercial ou pessoal.

Logo após ouvir Razera, o juiz descartou a hipótese de revogar a prisão dos seis indiciados. Dos vinte réus que respondem ao processo, outros quatro devem ser ouvidos na próxima segunda-feira. São eles os filhos de Razera, Luciano Razera e Marcos Vinicius Razera, e a esposa, Maria Luzia Razera, suspeitos de participar do esquema de grampos.

Laércio Licheski, acusado de encomendar grampos, também deve ser ouvido.

Fraude descoberta por meio de escuta ?autorizada?

Quanto à função do policial na Casa Civil, o advogado de Razera afirma que ele disse que servia ao governo ?no dia-a-dia, quando solicitado, e em caso de suspeitas de fraudes?. A experiência investigativa do policial teria sido usada, por exemplo, na descoberta de fraude em obras executadas pela Sanepar e que resultou ao governo um lucro de mais de R$ 20 milhões. O caso foi contado em juízo pelo próprio policial e dizia respeito a uma desapropriação de terra para execução de uma estação de tratamento de água, conforme citou o advogado.

Com respeito a grampos, porém, Razera negou que tenha feito algum. ?Ele afirmou que nunca foi solicitado para isso pelo governo?, enfatizou o advogado, que diferencia varredura de grampos: ?(a primeira) é quando há suspeita de estar sendo grampeado e grampo é quando invadem a privacidade de alguém.? Quanto à diferença nas informações repassadas por Razera e seus supostos contratados para implantar as escutas, o advogado do policial preferiu deixar para que a Justiça faça a análise.

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