A Polícia Federal (PF) deverá intimar o ex-secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos , Rasca Rodrigues, e o ex-presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Victor Hugo Burko, para que prestem depoimentos a respeito das denúncias de tráfico de pássaros silvestres que levaram à prisão de 34 pessoas na última quarta-feira, durante a Operação São Francisco.

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De acordo com o delegado chefe de crimes ambientais da PF no Paraná, Rubens Lopes da Silva, o objetivo é verificar se houve crime de tráfico de influência dentro dos órgãos ambientais.

Segundo a PF, os nomes de Burko e Rasca são citados em gravações por acusados de comercializar ilegalmente os pássaros. Numa das conversas, gravadas pela PF com autorização judicial, o assessor de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Sérgio Busato (que atuaria como criador amador de aves) e o apontado como o líder da quadrilha, Márcio Rodrigues, sugerem a existência de um esquema de arquivamento ilegal de multas.

De acordo com o delegado da PF, é cedo para afirmar se houve ou não transgressões dos responsáveis pelos órgãos ambientais. “Eles serão ouvidos porque estavam à frente do IAP e da Secretaria de Meio Ambiente na época em que ocorreram os crimes”, afirmou.

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O delegado conta que as investigações não visam confrontar as instituições de caráter ambiental, ou o Batalhão da Força Verde, da Polícia Militar do Paraná. “Não queremos os órgãos e a polícia como alvo, mas sim como aliados. Essa investigação também pode servir para melhorar a corporação”, comenta.

Defesa

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Rasca Rodrigues ressaltou que nunca recebeu uma ligação de Busato, que cita seu nome em uma das gravações. Ele afirma que a multa sugerida pelo acusado como alvo de um suposto arquivamento continua mantida. “Mesmo porque a autuação foi feita pela polícia ambiental. Confio nos técnicos do IAP, e acredito que a PF vai reparar esse equívoco”, sentenciou.

Já o ex-presidente do IAP, Victor Hugo Burko, revela que a multa em questão foi aplicada em maio, quando ele já não presidia mais o Instituto. Burko desclassifica qualquer eventual acusação.

“Como eu posso ser acusado de um crime só porque uma pessoa disse que me conhece”, indagou. “Dois funcionários do IAP foram presos porque alguém disse que iria falar com eles. Não há qualquer indício ou prova circunstancial de que eles teriam agido errado”.

Durante a Operação São Francisco, que desarticulou a principal quadrilha de tráfico de animais do Brasil, foram apreendidos mais de 10 mil animais silvestres mantidos ilegalmente em cativeiros no Paraná, São Paulo, Santa Catarina e em Amsterdam, na Holanda.

Na ocasião, também foram presos o diretor de controle de recursos ambientais do IAP, Harry Teles, e o diretor de fiscalização do órgão, Jackson Luiz Vosgerau, acusados de fazer “vistas grossas” à ação criminosa.