Homofobia!

Rapaz homossexual é esfaqueado por dupla após entrar no Inter 2

Um cabeleireiro curitibano de 22 anos foi agredido dentro de um ônibus do transporte público da capital enquanto voltava do trabalho, por volta das 23h de sexta-feira (12). O motivo, segundo Cláudio Henrique Eising, seria por ele ser homossexual.

Cláudio foi encaminhado ao hospital pelo Samu e levou mais de 40 pontos em uma das mãos e outros cinco na testa. O crime aconteceu no final de semana da Parada da Diversidade, que foi neste domingo (14), em Curitiba.

Segundo o rapaz, ele estava no ônibus da linha Inter 2, quando foi atacado por dois homens, entre os terminais do Capão Raso e Portão. “Os dois, aparentemente bêbados, começaram as agressões com ofensas, me xingando e dizendo que ‘gay tem que morrer’”, disse. Instantes depois, o seguraram no banco em que estava sentado e um deles começou a esfaqueá-lo.

Cláudio contou que o ataque foi rápido e aconteceu assim que entrou no coletivo. “Entrei e começaram a me xingar. Sentei e vieram para cima de mim. Me prensaram contra a janela do ônibus, fiquei encurralado”.

O rapaz tentou se defender segurando a faca e foi ferido na mão direita. Ele, por pouco, não teve o dedo indicador arrancado e perdeu três unhas. Além do grave ferimento na mão, o rapaz também teve a testa golpeada e levou vários chutes e socos.

“Pedia ajuda o tempo todo e ninguém fez nada”, descreveu Cláudio. Os dois homens só pararam o ataque, por causa dos outros passageiros que pediram ao motorista que parasse o veículo e saíram do ônibus pela porta de emergência. Enquanto o motorista prestava socorro ao rapaz, os dois homens fugiam pelo mesmo local por onde os passageiros desceram do veículo.

Cláudio foi levado ao Hospital do Trabalhador, onde recebeu atendimento. Ele precisou de 43 pontos na mão, cinco na testa e teve a ponta de um dos dedos arrancada. A Polícia Militar esteve no local, mas os policiais não encontraram os dois homens.

Nas redes sociais, depois de receber alta do hospital, o rapaz se manifestou e disse que as pessoas viram o que aconteceu e não agiram, como se o que estivesse acontecendo fosse algo normal.

“Um fato lamentável aconteceu comigo dentro de um ônibus público, cercado de várias pessoas, e diante da situação, quem viu tudo só faltava aplaudir, ninguém ajudou. Ninguém fez nada além de olhar”.

Sobre os ataques, Cláudio disse que está acostumado a ser alvo de olhares e até mesmo piadas, por ter um jeito diferente de se portar. “Não chego a dizer que dou pinta, mas tenho uma forma exótica de me vestir, um jeito meu. Por isso, costumo não me importar com o que as pessoas dizem, mas porque até então não tinha sofrido o preconceito na pele”.

Por causa dos ferimentos, Cláudio não vai poder trabalhar por um tempo e se mostrou traumatizado. “Estou bem, em casa e me cuidando, mas indignado com essa sociedade que vivemos”, lamentou.

Sobre o trabalho, nas redes sociais, o rapaz pediu desculpas aos clientes. “Não vou poder cumprir com meus compromissos e obrigações com vocês, mas vou me esforçar ao máximo para me recuperar o quanto antes para poder voltar a me dedicar novamente a quem parte da minha vida e do meu dia-a-dia”.

Segundo o rapaz, os policiais militares conversaram com ele ainda dentro da ambulância e pegaram informações. “Eles também ouviram depoimentos de umas duas pessoas que presenciaram e mais nada”, explicou Cláudio. Ele lembra que os dois agressores eram um senhor de idade e um rapaz, de aproximadamente 25 anos. “O mais velho tinha cabelo branco e tudo. Já o outro era moreno, estatura baixa. Os dois estavam visivelmente alterados, mas me lembro de pouco da fisionomia deles porque foi tudo muito rápido”.

Como não foi orientado sobre o que deve fazer para que a agressão não fique impune, o rapaz até teme que nada aconteça. “Ninguém me disse o que eu posso fazer, o jeito é me recuperar e voltar a trabalhar”.

A URBS, através da assessoria de imprensa, informou que não deve se pronunciar sobre o fato, por se t,ratar de uma situação de segurança pública. Apesar disso, está a disposição para contribuir com o trabalho da polícia. A reportagem fez contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar e aguarda resposta.

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