Rapaz fuzilado por traficantes em Araucária

"É o caminho de todos que escolhem o caminho das drogas." A frase é da pensionista Maria Guadalupe Gomes, que olhava o corpo de um de seus cinco filhos estendido na Rua dos Pinheiros, invasão Arvoredo, em Araucária. O rapaz foi morto com três tiros na cabeça e nas mãos. "Eu aconselhei, avisei, internei, mas não me ouviu. Agora tá aí", lamentava a mulher.

Maria disse que o filho, Edmundo Domingos da Silva Ramos, 22 anos, era viciado em drogas há três anos. "Ele cheirava, fumava crack, consumia o que desse para ele. Eu comprava jaqueta, ele trocava por drogas, não tinha mais jeito. Não trabalhava, não estudava, agora tá aí", disse a mulher, que não cansava de olhar o corpo do filho coberto por um lençol. "Coração de mãe não se engana. Já estava pressentindo que alguma coisa iria acontecer. Ontem, ele nem comeu direito, mas não falou o que estava acontecendo", salientou Maria.

Tiros

A última vez que Maria viu o filho foi por volta do meio-dia, quando saiu para buscar a neta na escola. Ao retornar, Edmundo já não estava mais em casa. Pouco depois, dois homens apareceram na moradia, perguntaram por ele e foram informados que não estava. "Nem sei o que queriam", disse a mulher, muito nervosa. A polícia acredita que os desconhecidos podem ser os assassinos, que encontraram Edmundo a poucas quadras de casa, na Rua dos Pinheiros. O jovem ainda tentou correr e deixou os chinelos para trás, mas não foi muito longe. Atingido na mão e com dois tiros na cabeça, tombou morto, sem chance de defesa. Os criminosos, que seriam dois, deixaram o local tranqüilamente, enquanto o jovem agonizava.

O soldado Jovano, do 17.º Batalhão, que atendeu o caso junto com seu colega Pereira, tentou descobrir o que havia acontecido. Os familiares preferiram não falar dos autores. "Nada vai trazê-lo de volta. Os que estão rindo de mim aqui, vão ter o mesmo destino", dizia a mãe, dando a entender que os assassinos não estavam muito longe. "Eu não quero saber quem matou. Nada vai trazer meu filho de volta. Tenho mais quatro filhos e netos para criar. Daqui a pouco vão querer me matar", justificou Maria.

O soldado Jovano ainda tentou convencer Maria a falar, mas a mulher se recusou. "Tem várias casas, todas com janelas abertas e de frente para a rua. Ali atrás tem um bar, mas todos afirmam que nada viram. É a lei do silêncio", ressaltou o policial militar.

O caso será investigado pela delegacia de Araucária. Pelas poucas informações colhidas no local, a polícia tem uma certeza: o assassinato foi motivado pelo tráfico de drogas e provavelmente Edmundo estava devendo para os "patrões" da região. Quitou a dívida com a própria vida.

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