Jurandir tentou correr, mas foi atinigido por vários tiros. |
Jurandir Cardoso dos Santos, 23 anos, o “Jura”, correu para salvar a vida, mas não conseguiu. Foi atingido por cerca de sete tiros e caiu morto em um gramado em frente a residência localizada na Rua Arnaldo Batista de Castro, Atuba, às 17h30 de ontem. Um amigo dele, conhecido por Leandro, também foi alvejado por um disparo na perna, mas conseguiu escapar e posteriormente foi conduzido ao hospital por familiares. Os matadores foram presos por policiais militares do Regimento de Polícia Montada (RPMont) minutos após a execução.
À tarde Jurandir e mais alguns amigos se deslocaram para um bar onde puxaram algumas cadeiras e se acomodaram na frente do estabelecimento. Ficaram por lá até o momento em que uma Saveiro preta, ocupada por três indivíduos, apareceu repentinamente. Do carro desceram dois homens encapuzados e armados com pistola e revólver. Gritaram alguma coisa e começaram a disparar. Jurandir e Leandro saíram correndo, mas “Jura” já havia sido alvejado na frente do bar. Conseguiu correr por mais alguns metros, porém foi alcançado e executado. O companheiro dele conseguiu escapar, pois não era o “alvo” principal. “Jura” recebeu tiros na cabeça, face, peito e braços. A sua tentativa de fuga deixou rastros de sangue espalhados.
A quantidade de disparos foi tanta que foram encontradas marcas de projéteis nas paredes do bar e também no balcão e cadeiras que eram usadas pelos freqüentadores.
Após a execução, a Saveiro partiu em alta velocidade. Familiares da vítima, que morava na região do Atuba, não souberam explicar o porquê da execução. Policiais que atenderam a ocorrência acreditavam num acerto de contas devido a drogas, mas isso não foi confirmado por parentes. “Ele não contava para a família o que fazia ou no que estava metido”, afirmou a irmã de Jurandir, Vera.
Prisão
Durante o trajeto de fuga, os assassinos depararam com uma viatura do regimento no bairro Santa Cândida. Houve perseguição, e os indivíduos se entregaram.
De acordo com o sargento Roberto, que participou da prisão, a viatura dele (prefixo 5178) estava realizando ronda pela região quando avistou a Saveiro com três indivíduos em atitude suspeita. “Não houve reação”, disse o policial militar. Dentro do veículo foram encontrados três gorros e as armas utilizadas no crime: uma pistola e um revólver calibre 38. Entre os detidos, estava um menor de idade (17 anos). Os outros dois foram identificados como Everton Rodrigues Castro, 25 anos, e Vitor Santine Rufer, 30.
De acordo com a declaração dos presos apenas o menor e Everton participaram efetivamente do crime, realizando os disparos contra Jurandir.
Versão
O crime foi cometido porque Jurandir estava ameaçando matar Everton, o menor e as famílias dos dois, conforme a declaração deles. Cansados de receber as ameaças quase todos os dias, e por imaginar que essa história não teria mais fim, porque todos moravam na mesma região, Everton e o adolescente resolveram dar um basta na incômoda situação. A dupla armada rendeu Vitor quando ele transitava com a sua Saveiro, placa de Ponta Grossa, nas imediações do bairro Atuba. De posse da informação de que Jurandir estaria no bar com amigos, os matadores se dirigiram para o local, obrigando Vitor a ir junto. Ao chegar na frente do bar aconteceram os disparos que culminaram com a morte de “Jura”.
O menor de idade, bastante calmo e não demonstrando nenhum arrependimento, explicou como foi a ação. “Após tomarmos o cara como refém, usamos a Saveiro para chegar no bar. Lá, desci gritando que era “polícia” e fui logo atirando. Descarreguei o revólver”, contou. O adolescente disse ainda que era ameaçado por Jurandir por ser considerado um alcagüeta. “Tenho mulher e dois filhos para cuidar. Era ele ou eu”, finalizou
Utilizando a mesma desculpa, Everton disse que também era ameaçado e que a vítima era suspeita de ter assaltado o seu estabelecimento comercial. “Toda a vez que ele me encontrava eu era ameaçado. Ele tentou assaltar a minha locadora também”, afirmou Everton justificando o crime.
A situação mais estranha é a de Vitor. Ao contrário dos dois que confessaram o crime, ele contou que entrou como “laranja” e que não sabia o que a dupla iria aprontar. “Apontaram o revólver e me fizeram de refém levando o meu carro”, afirmou. Ele se defendeu dizendo que trabalha revendendo verduras que traz do interior do Estado.
A participação de cada um será investigada no 5.º Distrito Policial (Bacacheri) para onde os dois homens foram levados. O menor foi conduzido para a Delegacia do Adolescente.