Na residência que virou mocó depois de uma tragédia, Alessandro Alves Barreto, 33 anos, conhecido pelo apelido de “Sara”, foi assassinado com três tiros, no início da madrugada de ontem.
Há anos, o sobrado, num beco que sai da Rua Capitão Amin Mosse, Conjunto Habitacional Érico Veríssimo, Alto Boqueirão, costumava ser frequentado por usuários de drogas. Na década de 90, a residência foi palco de um crime brutal, em que uma professora foi assassinada e esquartejada pelo ex-marido.
De acordo com vizinhos, por volta de 1h, alguns disparos foram dados dentro da residência. Eles comentaram que a polícia foi chamada, porém ninguém compareceu ao local. No início da manhã, alguém, provavelmente um usuário de entorpecentes, encontrou o rapaz morto. Novamente a polícia foi chamada e constatou o crime.
Surpresa
Os soldados Rubys e Martins, do 20.º Batalhão da Polícia Militar, entraram no sobrado e, para surpresa deles, encontraram um homem e uma mulher no andar de cima. “Eles alegaram que estavam dormindo e nem sabiam que tinha alguém morto no andar de baixo. Disseram que não ouviram os tiros”, contou Martins.
O casal, que aparentava estar sob efeito de drogas, confirmou que conhecia a vítima, mas só soube informar seu apelido. O corpo foi identificado posteriormente pelo pai da vítima.
Os dois “moradores” do sobrado foram conduzidos à Delegacia de Homicídios para prestar depoimentos. Lá, foram ouvidos como testemunhas, mas não deram informações que levassem ao motivo ou autoria do crime.
A perita Christina, do Instituto de Criminalística, declarou que “Sara” foi assassinado com dois tiros na cabeça e um no peito. A arma usada provavelmente foi um revólver calibre 38.
Ao lado do corpo, foi recolhido um cachimbo usado para fumar crack. “O curioso é que o tubo do cachimbo foi feito com um estojo de munição para fuzil calibre 762”, observou a perita.
Esposa esquartejada
O investigador Tiquinho, da DH, lembrou que o sobrado já foi palco de um crime assombroso, quando a antiga proprietária foi morta. “Ela era professora. Foi assassinada e esquartejada pelo ex-marido, há cerca de 15 anos”, lembrou. O autor foi preso e se suicidou na cadeia.
Após a barbárie, segundo foi apurado com populares, a casa foi abandonada e “Sara” teria se envolvido com a filha da vítima. Porém, com o passar dos anos, o rapaz tornou-se usuário de drogas e terminou o relacionamento com a mulher. Sem lugar para morar, ele resolveu se mudar para a casa, que já havia se transformado em “mocó” e abrigava viciados.