Policiais militares do 17.º Batalhão levaram um susto, na manhã de ontem, ao chegar a uma pequena plantação, na esquina das ruas Pedro José Kotowski e José Brejinski, Lamenha Grande, em Almirante Tamandaré. Eles encontraram o corpo de um jovem, de aproximadamente 25 anos, decapitado.

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De um lado estava o corpo, de bruços, com a calça arriada, escrito nas costas e nas nádegas “X9”, que na linguagem dos marginais significa alcagüete. Ele também tinha um corte grande na barriga e as vísceras ao lado do corpo. O pênis foi arrancado e levado pelo assassino. A alguns metros, estava a cabeça, com vários cortes, os olhos furados e uma perfuração acima do nariz.

Por volta de 8h, moradores da região encontraram o corpo e chamaram a polícia. Segundo eles, ouviram barulhos na madrugada, mas não imaginavam que um homem estava sendo cruelmente assassinado.

“O assassino estava com muito ódio, pois agiu com muita crueldade”, disse o sargento Emídio, do 17.º BPM. Segundo ele, a forma como o homem foi encontrado é chocante e assustadora. “Estamos acostumados com diversas situações de morte, mas essa realmente impressionou”, comentou.

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Perícia

Segundo a perita Jussara, do Instituto de Criminalística, o homem foi morto com golpes de facão. A investigadora Maria, da delegacia de Almirante Tamandaré, disse que é necessário que ele seja identificado para que a investigação tenha avanços. “Assim que ele for reconhecido, vamos descobrir com quem ele estava envolvido e porque os assassinos escreveram X9 em suas costas”, contou.

No início da semana, bem próximo de onde o rapaz foi encontrado mutilado, alguns traficantes foram presos. A polícia informou que chegou até eles através de denúncias anônimas, no entanto, existe a possibilidade de os suspeitos terem desconfiado que a vítima teria sido o denunciante.

Piores que bichos

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Mara Cornelsen

Alberto Melnechuky/Arquivo
Cabeça de Ednilson ficou pra fora da cova.

A crueldade presente em recentes assassinatos cometidos em Curitiba e Região Metropolitana, este ano, chega à beira do terror. Em seis casos, jovens que tinham ligações com o tráfico de drogas foram torturados antes de morrer.

Em janeiro, Douglas dos Santos Nascimento, 16 anos, foi espancado e arrastado pelos becos da Vila Tripa (Umbará), até ter o couro cabeludo arrancado. Depois teve a cabeça esmagada por uma pedra e o corpo jogado em uma valeta.

No final de março, Vanessa da Silva, 18, foi entregue pelo amásio a traficantes, como pagamento por uma dívida de R$ 3 mil e algumas armas. Os criminosos cortaram seus cabelos, a espancaram, feriram seu corpo a faca, escrevendo nas costas X9 (alcagüeta) e “casinha”, e depois a enforcaram em uma árvore, na zona rural de São José dos Pinhais. Os marginais foram identificados e presos. A garota tinha um filho de 4 anos.

Sem cabeça

Em abril, outros dois casos horrorizaram peritos e policiais. No dia 6, o corpo do deficiente físico Ednilson Vanderlei Salata, 39, foi encontrado na Vila Leonice (Cachoeira), decapitado.

Vítima de acidente de trânsito, que lhe deixou seqüelas permanentes, buscava alívio às dores usando crack. Foi morto próximo a um ponto de venda de entorpecentes. Os assassinos arrancaram sua cabeça e a deixaram à mostra, enterrando o corpo.

Já no dia 7, outro homem, aparentando 25 anos, foi encontrado morto na Avenida das Indústrias (CIC) com uma cinta amarrada no pescoço, a cabeça enterrada em uma valeta e galhos de árvore introduzidos no ânus. Apresentava marcas de tiros, facadas e queimaduras pelo co,rpo.

Moto

Outra cena de horror foi registrada em meados de maio, num matagal na Vila Maria Antonieta, em Pinhais. Outro rapaz, sem identificação, foi torturado, assassinado com dois tiros na cabeça e teve o corpo parcialmente queimado.

E em junho, no Jardim Holandês, em Piraquara, o ex-presidiário Paulo César Roque Machado, 21, foi arrancado de um barraco a pancadas. Os assassinos o amarraram pelo pescoço a uma motocicleta e o arrastaram por mais de 100 metros. Ele morreu com uma fratura no pescoço.