Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, confirmou ontem, em depoimento, que foi o autor dos disparos que mataram o cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni, na sexta-feira passada, na Grande São Paulo. Carlos Eduardo foi ouvido por mais de três horas em Foz do Iguaçu pelo delegado da seccional da Polícia Civil de Osasco, Archimedes Cassão Veras.
O delegado não forneceu informações sobre o depoimento do acusado. A intenção de Veras era saber detalhes do crime e qual teria sido a participação do estudante Felipe Iasi, que levou Carlos Eduardo até a chácara onde aconteceu o crime. O indiciamento de Iasi por coautoria do crime depende do que Carlos Eduardo tenha dito no depoimento. Hoje, as informações devem ser tornadas públicas em entrevista coletiva a ser dada por Veras, em São Paulo.
Por enquanto, Carlos Eduardo deve permanecer preso na delegacia da Polícia Federal em Foz, segundo o delegado-chefe da PF, José Alberto Iegas. “Não houve pedido de transferência até agora”, assegurou. Carlos Eduardo foi preso na madrugada de segunda-feira quando tentou furar uma barreira policial e fugir para o Paraguai.
Segundo Iegas, Carlos Eduardo tem sido mantido em uma cela isolada de outros presos e não apresentou nenhuma alteração desde que foi preso, manifestando um comportamento tranquilo. O resultado do exame toxicológico feito com o acusado deve sair na próxima sexta-feira.
O advogado de Carlos Eduardo, Gustavo Badaró, disse que a confissão de seu cliente não terá validade se o estado mental dele estava alterado quando foi ouvido. Para ele, o rapaz não tem percepção da realidade. Segundo Badaró, a família de Carlos Eduardo disse que ele estava diferente nos últimos tempos, alternando situação de normalidade e anormalidade, com mudanças de comportamento. Depois do crime, Carlos Eduardo afirmou que estava atendendo a um “chamado de Deus” quando matou Glauco e Raoni.
Tentativa de fuga
Carlos Eduardo deve participar da reconstituição da tentativa de fuga para o Paraguai. Perseguido pela Polícia Rodoviária Federal, Cadu disparou 25 tiros e baleou no braço um policial federal na Ponte da Amizade. Cadu portava uma pistola 765, que seria a mesma usada no assassinato em São Paulo, e 2,7 gramas de maconha. Logo após ser preso, confessou ter matado Glauco e Raoni.