Pânico nas ruas

Quatro presos conseguem fugir de delegacia da capital

Quatro presos por latrocínio (roubo com morte) conseguiram fugir da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos no início da manhã de sábado. A carceragem está com 120 presos em um espaço destinado a menos de 30, e já foi palco de cinco tentativas de fuga em apenas 90 dias. Ontem pela manhã, novamente presos tentaram escapar, mas foram impedidos pelos policiais.

Por volta das 5h30, duas equipes da Polícia Militar entregavam carros recuperados, quando o sensor de presença do pátio disparou o alarme. Os quatro presos haviam serrado a grade da cela, pulado para o corredor, serrado a grade do corredor e usado uma corda feita com lençóis, conhecida como “tereza”, para chegar até o pátio. De lá, pularam o muro de quatro metros e ganharam as ruas.

No corredor tem uma câmera, porém a carceragem teve curto-circuito, de acordo com os policiais, e está sem luz. Dessa forma, estava muito escuro e quase nada pôde ser visto nas das imagens. Depois de acionado o alarme, os policiais civis e militares fizeram buscas pela região, mas não conseguiram recapturar os foragidos.

Nomes

Na cela de onde eles fugiram estavam outros quatro presos, que não quiseram fugir. Eles já foram ouvidos e realocados em outras celas. A cela com as grades cerradas permanecerá interditada. Ganharam as ruas Anderson Lorenzo Lima de Andrade, 26 anos, Rone Peterson Gomes, 34, Erickson Luiz da Silva de Oliveira, 24, e Ivan Lima, 30.

Anderson foi preso em 2 de setembro, acusado de matar Odair Fernandes, 65 anos, para roubar o carro dele, na Linha Verde, no Pinheirinho. A vítima foi baleada na cabeça e morreu nos braços do filho. Os outros foragidos também são considerados perigosos. Erickson teria ligações com uma facção criminosa.

Estopim

Há 15 dias a carceragem da DFRV estava com 150 detidos e a Polícia Civil anunciou que não receberia mais presos. As visitas foram cortadas, já que não é possível fazer com que todos os presos vejam seus familiares sem que os policiais fiquem em situação de risco de saírem feridos durante novas fugas ou rebeliões.

Alguns presos receberam alvará de soltura e, nestes 15 dias, o número de detidos caiu para 120. Mesmo assim, o clima continua tenso. Os internos reclamam da falta de visitas, principalmente porque os familiares levam comida, materiais de higiene e roupas, que eles não recebem mais. Do governo, eles recebem apenas duas refeições diárias, e sem as visitas eles alegam passar fome.

“Os presos que escaparam são de alta periculosidade e representam perigo eminente à sociedade. A nova temporada de fugas, como alertamos, mais uma vez revela a precariedade das delegacias, que mantém, ilegalmente, presos em condições degradantes, sem nenhuma estrutura ou condições adequadas. Eles deveriam estar no sistema prisional do estado”, disse André Gutierrez, presidente do Sinclapol.