Quatro Barras ainda se ressente da violência empregada contra garotinha

Há exatos dois anos o corpo da menina Giovanna dos Reis Costa, 9 anos, foi encontrado dentro de um saco de lixo, em um terreno baldio, no município de Quatro Barras. O crime, que marcou a pacata cidade, ainda é um grande mistério, recheado de incertezas e sofrimento. Se para o Ministério Público não há dúvida de que o assassinato foi autoria de Vera Petrovitch, Pero Theodoro Petrovitch Vitch, Renato Michel e uma jovem de de 17 anos (mulher de Pero), para a defesa a família de ciganos é inocente e o verdadeiro assassino está solto. Enquanto isso, pais e irmãos de Giovanna agonizam com a dor da saudade e sofrem com o trauma deixado pela morte brutal da menina.

População de Quatro Barras não esquece a tragédia.

Vera e Pero foram presos em 24 de maio do ano passado, em Araçatuba, interior de São Paulo. A Polícia Militar da cidade recebeu a informação de que na casa em que estavam havia armas e drogas. Ao checar a denúncia, encontraram na moradia um recorte de jornal, com a foto de mãe e filho, revelando que eram foragidos. Eles estavam com mandado de prisão decretado pela Justiça paranaense. Vera está recolhida na Penitenciária Feminina, em Piraquara, e Pero na Casa de Custódia de Curitiba. Renato e a menor também tiveram prisões decretadas, mas a defesa conseguiu revogá-las logo depois. Não contente, Renato acabou preso em flagrante no último dia 4, sob a acusação de estelinato.

Júri

O promotor de Quatro Barras, Octacílio Sacerdote Filho, garante que o crime foi praticado pelos ciganos e denunciou os três adultos. A denúncia foi aceita pela juíza Paula Priscila Candeo, que os mandou para júri popular. Acreditando na inocência deles, o advogado Cláudio Dalledone entrou com um recurso no Tribunal de Justiça, pedindo para que nem sejam levados a julgamento, dada a inexistência de prova material contra eles. O caso está nas mãos dos desembargadores da 1.ª Câmara Criminal do TJ, que deve manifestar em breve sua decisão.

Muitas suspeitas e nenhuma prova material

Dalledone, o defensor: o verdadeiro culpado está solto.

O encontro de uma sacolinha plástica – contendo as roupas que Giovanna usava quando foi assassinada – em um terreno baldio ao lado do muro da casa dos ciganos aliada a suspeita de que a menina tinha sido assassinada em um ritual de magia, fez com que Vera, Petro, Renato e a adolescente passassem a figurar como principais suspeitos do crime. Escutas telefônicas, perícias em roupas e objetos dos suspeitos e uma série de interrogatórios, reforçaram o parecer da delegada Margareth Alferes Motta (de Quatro Barras) de que eles eram os autores. O promotor Octacílio Sacerdote Filho concordou com a policial e denunciou o quarteto.

Na denúncia, Sacerdote Filho assegura que em 10 de abril de 2006, quando vendia rifas da Páscoa para a escola onde estudava, Giovanna foi atraída para a casa dos ciganos. Lá ela teria sido violentada, torturada e esganada. A acusação revela ainda que eles teriam introduzido algo na vagina da criança, pra extrair seu sangue, que supostamente seria usado em um ritual de fertilidade. Depois disso, de acordo com a denúncia, teriam comemorado o feito e mais tarde, Pero e Renato deixaram o corpo em outro terreno baldio, amarrado com pedaços de fios de luz e dentro de um saco plástico. O corpo foi encontrado na manhã de 12 de abril.

Sacerdote Filho, o promotor: certeza da culpa dos ciganos.

O advogado de defesa Cláudio Dalledone Júnior garante que o inquérito é falho e a versão apresentada pelo Ministério Público é fantasiosa. Ele aponta erros e garante que outros suspeitos em potencial foram ignorados nas investigações. Por isso o verdadeiro assassino está à solta.

Se o caso for a júri popular, acusação e defesa se enfrentarão em um duelo de verdades e suposições para convencer os jurados. O processo tem seis volumes, mais de 40 interrogatórios, inúmeros laudos e fotografias. Para o promotor, o júri poderá durar até quatro dias. Para a defesa, o julgamento simplesmente não acontecerá.

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