Pelo menos quatro indivíduos tentaram resgatar parte dos 60 presos recolhidos no 11.º Distrito (Cidade Industrial), no início da madrugada de ontem. Os arrebatadores trocaram tiros com um investigador que chegava na delegacia. As balas ficaram crivadas nas paredes da delegacia, no carro do policial e nas árvores. Provavelmente um dos marginais foi atingido, já que havia rastro de sangue no pátio do distrito. Até o cachorrinho de estimação, que costuma ficar no local, também foi baleado.
O delegado Sérgio Taborda, titular do distrito, informou que um investigador chegava na delegacia, com seu Gol particular, quando viu um Vectra parado em frente ao portão, ocupado por dois homens. Desconfiado, o policial aguardou uns minutos. Em seguida, o Vectra saiu, momento em que o investigador resolveu entrar para o plantão, onde seu colega o aguardava. Precavido, o policial desceu do veículo armado, mas quando abriu o portão, teve uma surpresa. Outros dois homens, um deles armado com um fuzil 762 e outro com um pistola ponto 40, já estavam no pátio e atiraram. O investigador revidou.
Sozinho, ele conseguiu se esconder em uma valeta, próxima da delegacia e continuou atirando. Foram mais de 50 disparos em alguns minutos. De repente, os arrebatadores desistiram da ação, embarcaram no Vectra e desapareceram. “Acreditamos que o nosso investigador conseguiu acertar pelo menos um deles. Por isso eles desistiram de invadir a delegacia”, salientou o delegado. Nenhum dos disparos acertou o policial. “Só um cachorrinho, que fica no pátio da delegacia há muitos anos, levou um tiro na parte traseira. Felizmente, o nosso mascote está bem”, acrescentou Taborda.
Veículo
Assim que os marginais deixaram o local, foi solicitado reforço e feitas buscas na região, na tentativa de detê-los, mas nenhum suspeito foi localizado. A certeza de que os bandidos iriam arrebatar presos do distrito veio depois que o Vectra foi abandonado no Contorno Sul, próximo ao posto da Polícia Rodoviária Estadual, incendiado. Dentro do carro foram encontrados alicates, usados para cortar ferros. “Temos dois presos recolhidos no xadrez que os bandidos poderiam ter interesse em resgatar. Um deles é um traficante conhecido como “Pato??, que foi preso com 108 projéteis de fuzil”, comentou o delegado.
Taborda aguarda que seja feita perícia no veículo, para identificar a procedência do Vectra. “Certamente é roubado ou furtado”, acredita.
Falta de segurança
Ontem havia 60 detentos recolhidos no xadrez que tem capacidade para 32 presos. O problema do 11.º Distrito não é diferente das demais delegacias de Curitiba e Região Metropolitana, que sofrem com o problema da superlotação. Somente dois policiais estavam de plantão, para cuidar de um xadrez sem nenhuma segurança, já que há facilidade de invasão. Caso os bandidos conseguissem realizar o intento, não fugiriam somente os presos pretendidos, mas grande parte dos 60 recolhidos.