De acordo com o superintendente Altair Ferreira, o “Taíco”, a quadrilha é composta por aproximadamente 12 pessoas e estava agindo há algum tempo em São José dos Pinhais, após abandonar um “quartel-general” no bairro Sítio Cercado, em Curitiba. Para dificultar a identificação, o grupo mudava de esconderijo constantemente, sempre alugando casas. “O bando passou pelos bairros Afonso Pena, Jardim Itália e agora estava no Independência”, contou o policial. Para realizar a prisão desses integrantes, a polícia montou campana de quase uma semana, fotografando e monitorando as ações que aconteciam em uma residência no Bairro Jardim Independência. “Investigadores permaneceram em uma casa vizinha a utilizada pelos traficantes para acompanhar todos os passos deles”, explicou “Taíco”.
Clientela
O delegado Osmar Dechiche, disse que essa é uma quadrilha muito bem organizada e que possuía muitos “clientes” já que era intensa a movimentação de carros e pessoas na casa. A prisão dos cinco indivíduos teve início às 6h de ontem e terminou quatro horas depois. “Cada um que chegava na residência era detido”, explicou o delegado. Foram presos Osvaldo de Oliveira Miranda, 27 anos; Valdemar de Oliveira, 25; Carlos de Moraes Silva, 35, João Carlos Ribeiro, 29 e Antônio Lauro Ribeiro, 29; considerado o líder do grupo. João Carlos e Antônio possuíam antecedentes criminais. Os detidos foram autuados por porte ilegal de armas, tráfico de drogas, receptação e formação de quadrilha.
Estrutura
Durante a batida policial foram encontradas várias provas e evidências da grande estrutura da quadrilha. Escondidas no sofá foram localizadas pedras de crack totalizando 790 gramas, além de 155 gramas de maconha. Nos demais cômodos da casa – que era usada apenas como local de comercialização de drogas -, foram achadas duas pistolas, dois revólveres, balança de precisão, notebook, e diversos eletrônicos (televisão, som, vídeocassete, etc), que eram aceitos pela quadrilha como forma de pagamento pela droga. Além disso, várias pedras de esmeralda bruta (pesando 750 gramas) foram encontradas e serão examinadas. A procedência delas também será investigada.
A estrutura da quadrilha impressionou os policiais de São José dos Pinhais. Foram apreendidos dez telefones celulares que recebiam os pedido de drogas feitos pelos usuários ou traficantes menores. “Os telefones não param de tocar”, disse o delegado. Para a entrega dos pedidos, a polícia apurou que eram utilizadas oito motocicletas, mas apenas três delas foram aprendidas. Outras três motos estariam sendo usadas pela quadrilha para a distribuição da droga no litoral paranaense. Quatro carros (duas camionetas, um Ômega e um Fusca), que seriam de propriedade dos detidos, também foram apreendidos. “Eles terão que provar que os veículos não foram adquiridos com dinheiro do tráfico”, afirmou “Taíco”.
Litoral
A distribuição da droga no litoral também era bem organizada. “Há um homem do grupo comercializando na Ilha do Mel. Ele está sendo procurado. Nas praias de Caiobá e Guaratuba estavam outros dois homens, que foram presos, e que fingiam trabalhar como ambulantes à beira-mar, para realizar a negociação com usuários”, explicou o superintendente. Na quarta-feira saiu um pequeno carregamento de drogas da casa em direção ao litoral.
Diante das mercadorias aprendidas e dos carros utilizados pelos detidos presume-se que a atividade era bem lucrativa. A origem da droga ainda não foi esclarecida pela polícia, mas como a quadrilha conta com integrantes de Santa Catarina, o delegado acredita que o entorpecente venha do Estado vizinho e também de países que fazem divisa com o Paraná. Cada pedra de crack (batizado), o equivalente a um grama, era comercializada por cerca de R$ 20,00, conforme informou a polícia.
Equipe especial em ação
O delegado Osmar Dechiche classificou a prisão da quadrilha do “disque-drogas” como a maior feita em São José dos Pinhais, nos últimos tempos. “Essa prisão aconteceu graças ao trabalho que uma equipe especializada no combate ao narcotráfico está realizando no município”, destacou Dechiche. As investigações terão continuidade e espera-se a prisão e identificação dos demais integrantes do grupo. Durante a campana policial, que contou com a participação dos investigadores Edmilson, Lemes e Taíco, foram anotadas mais de 50 placas de carros que pararam em frente a residência para obter entorpecentes. “Tudo isso será devidamente averiguado”, finalizou o superintendente Altair Ferreira, o “Taíco”. (CB)
Criança era “aviãozinho” de vovó traficante
Através de uma denúncia, investigadores da delegacia de Piraquara chegaram, na manhã de ontem, até uma criança de 12 anos que entregava e vendia pedras de crack no Jardim Guarituba, naquela cidade. Ao conversarem com a criança, ela contou que trabalhava para uma mulher que residia na esquina das ruas Sebastião Leonel e São José. No local apontado pelo menor, os investigadores encontraram uma sacola plástica com 68 pedras de crack, enterrada no quintal. A proprietária da casa, Neusa Alípio Gomes da Silva, 65 anos, admitiu ser a dona da droga e disse que utilizava o adolescente para a entrega. A “vovó” foi autuada por tráfico na delegacia de Piraquara e será encaminhada para a delegacia de Quatro Barras, também na Região Metropolitana de Curitiba, que possui carceragem feminina.
Falta de grana
Segundo o superintendente Valdir Bicudo, a detida explicou que entrou no mundo das drogas há cerca de 90 dias devido a sua grave situação financeira. “Ela contou que foi procurada no bairro por uma mulher conhecida por Mercedes, que teria oferecido a droga para a comercialização”, disse Bicudo. Essa Mercedes teria explicado que faz negócios (comércio de drogas) com diversas pessoas no Jardim Guarituba, que necessitam ganhar dinheiro. “Essa mulher, se ela realmente existir, será encontrada”, disse o superintendente.
A criança, que devido a idade não lhe é imputada a prática de crime, vai ser ouvida no Conselho Tutelar e o caso deverá ser levado ao conhecimento da Vara de Infância e Juventude da cidade. (CB)