Fábio Alexandre
Biffi: ?Quitação seria feita às financeiras através de debêntures?.

Quadrilha especializada em negociar títulos de créditos fraudulentos, em várias regiões do País, foi desmantelada pela Polícia Federal, na manhã de ontem, durante a Operação Houdini. Ao todo foram cumpridos 20 mandados de prisão, nos Estados do Paraná, Acre, Goiás e São Paulo. De acordo com a polícia, os chefes do grupo eram de Curitiba.

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O delegado Oscar Biffi, da PF do Acre, explicou que o bando abordava pessoas interessadas em comprar carros zero quilômetro, através de financiamentos. As convenciam dizendo que poderiam ajudá-las a quitar o veículo muito antes do previsto e por um baixo custo. A quitação seria feita às financeiras através de debêntures, ou seja, títulos de créditos de empresas diversas, que circulam no mercado financeiro, e que valem como dinheiro. Mas como pagamento pelo serviço, a pessoa tinha que financiar um segundo veículo e entregá-lo à quadrilha, que também seria quitado com debêntures. Biffi ainda explica que, como em geral as financeiras não aceitam estes documentos para quitações, o processo têm que ser via judicial.

Então eles ajudavam a vítima a entrar na Justiça e já lhes entregavam os referidos papéis, para que quando saísse a decisão judicial, a pessoa já tivesse em mãos a quantia da quitação. ?Até aí não é crime. O problema está nestes papéis, cujos valores eram falsificados por ?peritos? envolvidos com o esquema. Um documento que no mercado financeiro vale R$ 2,00 ou R$ 3,00, o perito emitia um laudo fraudulento, dizendo que cada debênture valia R$ 600,00?, explicou Biffi.

Prejuízo

A morosidade da Justiça era justamente o que a quadrilha queria. Assim tinham tempo para vender o carro que lhes foi entregue pela vítima. Chegavam a vendê-lo por até 30 ou 40% menos que o valor real. Enquanto isso, as vítimas recebiam em casa a cobrança do financiamento dos dois veículos e chegavam a pagar as primeiras prestações. Antes de se darem conta de que caíram num golpe, ainda pagavam R$ 3 mil que o advogado da quadrilha cobrava, para dar entrada do processo judicial de quitação.

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Calcula-se que a quadrilha tenha causado um prejuízo de R$ 25 milhões às financeiras e lesado mais de 250 vítimas, em quase todos os Estados do Brasil. Durante a operação, foram mobilizados 130 policiais federais, que prenderam 20 pessoas e cumpriram 25 mandados de busca e apreensão. Dos presos, cinco são do Paraná, entre eles o advogado idealizador do esquema, um perito e um indivíduo responsável pela organização do golpe.

As dezenas de veículos apreendidos, de todos os padrões, lotaram o pátio da PF em Curitiba. 

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