Quadrilha nacional de golpistas é desmantelada pela Polícia Federal

Quadrilha especializada em negociar títulos de créditos fraudulentos, em várias regiões do País, foi desmantelada pela Polícia Federal, na manhã de ontem, durante a Operação Houdini. Ao todo foram cumpridos 20 mandados de prisão, nos Estados do Paraná, Acre, Goiás e São Paulo. De acordo com a polícia, os chefes do grupo eram de Curitiba.

O delegado Oscar Biffi, da PF do Acre, explicou que o bando abordava pessoas interessadas em comprar carros zero quilômetro, através de financiamentos. As convenciam dizendo que poderiam ajudá-las a quitar o veículo muito antes do previsto e por um baixo custo. A quitação seria feita às financeiras através de debêntures, ou seja, títulos de créditos de empresas diversas, que circulam no mercado financeiro, e que valem como dinheiro. Mas como pagamento pelo serviço, a pessoa tinha que financiar um segundo veículo e entregá-lo à quadrilha, que também seria quitado com debêntures. Biffi ainda explica que, como em geral as financeiras não aceitam estes documentos para quitações, o processo têm que ser via judicial.

Então eles ajudavam a vítima a entrar na Justiça e já lhes entregavam os referidos papéis, para que quando saísse a decisão judicial, a pessoa já tivesse em mãos a quantia da quitação. ?Até aí não é crime. O problema está nestes papéis, cujos valores eram falsificados por ?peritos? envolvidos com o esquema. Um documento que no mercado financeiro vale R$ 2,00 ou R$ 3,00, o perito emitia um laudo fraudulento, dizendo que cada debênture valia R$ 600,00?, explicou Biffi.

Prejuízo

A morosidade da Justiça era justamente o que a quadrilha queria. Assim tinham tempo para vender o carro que lhes foi entregue pela vítima. Chegavam a vendê-lo por até 30 ou 40% menos que o valor real. Enquanto isso, as vítimas recebiam em casa a cobrança do financiamento dos dois veículos e chegavam a pagar as primeiras prestações. Antes de se darem conta de que caíram num golpe, ainda pagavam R$ 3 mil que o advogado da quadrilha cobrava, para dar entrada do processo judicial de quitação.

Calcula-se que a quadrilha tenha causado um prejuízo de R$ 25 milhões às financeiras e lesado mais de 250 vítimas, em quase todos os Estados do Brasil. Durante a operação, foram mobilizados 130 policiais federais, que prenderam 20 pessoas e cumpriram 25 mandados de busca e apreensão. Dos presos, cinco são do Paraná, entre eles o advogado idealizador do esquema, um perito e um indivíduo responsável pela organização do golpe.

As dezenas de veículos apreendidos, de todos os padrões, lotaram o pátio da PF em Curitiba. 

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