Cerca de 20 pessoas devem fazer parte da quadrilha especializada em roubos de caixas eletrônicos, que foi desarticulada no último sábado, depois que alguns de seus integrantes trocaram tiros com a polícia. Até agora, dez envolvidos já foram identificados, sendo que sete estão recolhidos na Delegacia de Furtos, e Roubos e três mulheres foram detidas e liberadas. A polícia já tem o nome de outros seis indivíduos que teriam ligação com os crimes praticados em Curitiba e em outras cidades do Sul do Brasil.
A prisão das dez pessoas aconteceu depois de uma seqüência de fatos, que teve início por volta das 4h30, quando o delegado titular da Furtos e Roubos, Rubens Recalcatti, foi verificar um possível roubo na agência da Caixa Econômica Federal, na Rua João Negrão, no bairro Rebouças. A situação, no entanto, foi um disparo acidental do alarme. Mas quando o delegado retornava para casa, por volta das 5h50, deparou com oito homens que deixaram rapidamente a agência do Banco do Brasil, na Rua Augusto Stresser, Hugo Lange, e tinham o apoio de uma van Mercedes-Benz. Percebendo que se tratava de um assalto, Recalcatti chamou reforço policial, dando voz de prisão aos suspeitos, que revidaram atirando.
O policial seguiu em perseguição a van, sendo que a quadrilha se dividiu em outros três carros. O veículo Scénic ocupado por Recalcatti foi atingido por três tiros de pistola 9 milímetros. Depois da chegada do reforço, ele conseguiu prender Ailton dos Santos, de 36 anos, que dirigia a van aonde estava o caixa do Banco do Brasil. Um outro veículo, um Kadett, passou pelo local atirando contra o delegado, que revidou, conseguindo prender outras três pessoas.
Barigüi
Depois de receber informações da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, a polícia chegou até uma mansão de mil metros quadrados em frente ao lago do Parque Barigüi, e descobriu que ali funcionava o quartel-general de uma quadrilha especializada em roubos de caixas eletrônicos. Na casa, a polícia encontrou dois caixas vazios – do Banco do Brasil – além de etiquetas de jóias – de um assalto praticado pela quadrilha no dia anterior – e três relógios da marca Bulova.
No local foram presos Ademar de Assis, 29 anos, Cláudio Márcio Teixeira Pedro, 41, Roque Alionso dos Reis, 35, e Edson Teixeira Pedro, 36 – bacharel em Direito e locatário da mansão. Na seqüência, na Vila Guaíra, Valmir Alves dos Santos, 24, que era um dos ocupantes da van, foi detido portando dois revólveres calibre 38. O proprietário da van, Joel Vieira dos Santos, 34, também foi preso por comunicação falsa de roubo, assim como Marili Souza, Márcia de Castro e a adolescente J.S.M.
Antecedentes
Ontem pela manhã o delegado Rubens Recalcatti apresentou os sete indivíduos presos no fim de semana. Segundo Recalcatti, eles fazem parte de uma quadrilha formada em São Paulo, mas que estaria agindo nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Quase todos os detidos já têm passagem pela polícia pelos crimes de estelionato, seqüestro e assalto.
As três mulheres foram ouvidas e liberadas porque não foi comprovada participação direta delas nos crimes. De acordo com Recalcatti, a polícia vai trabalhar agora para levantar o valor do dinheiro levado dos caixas eletrônicos, bem como para localizar as jóias e os outros seis envolvidos que já foram identificados. “Será um longo trabalho porque são diversas pessoas envolvidas e teremos que identificar a participação delas em cada crime”, falou.
Mansão era “QG” da quadrilha
Clewerson Bregenski
A mansão utilizada pelo grupo como “QG” – situada no Parque Barigüi – servia como ponto de encontro de integrantes de várias quadrilhas envolvidas com roubo a bancos e joalherias. Segundo informações do delegado Rubens Recalcatti, a luxuosa casa havia sido alugada pelos criminosos há pelo menos quatro meses. “Os presos eram especialistas no furto de caixas eletrônicos aqui em Curitiba e, possivelmente, interior do Estado. Mas, integrantes que estão sendo investigados têm ligações com outros delitos”, explicou o delegado, ressaltando que há envolvimento de marginais paulistas no esquema, cujas identidades ainda não podem ser divulgadas.
Para o delegado, aproximadamente 20 pessoas fazem parte da quadrilha de furtos a caixas eletrônicos, pois na ação flagrada pelo delegado no bairro Hugo Lange, pelo menos 12 homens participavam dela. “É um grupo bem organizado e preparado”, destacou o policial, mostrando fotos do arrombamento da agência do Banco do Brasil. Nas fotos, reproduzidas do sistema de filmagem do banco, aparecem alguns marginais carregando a máquina com o dinheiro e outros armados com pistolas preparados para alguma “eventualidade”.
A Delegacia de Furtos e Roubos está investigando possíveis ligações desse grupo com quadrilhas paulistas e também catarinenses. “Joinville é considerada a cidade pioneira no roubo de caixas eletrônicos. Por isso está sendo investigada possível conexão”, explicou. A quadrilha agia há aproximadamente um ano. Acredita-se que nesse período tenha furtado cerca de 50 caixas eletrônicos. Num levantamento parcial passado à DFR, o Banco Real já teve prejuízo de R$ 264 mil retirados dos caixas furtados. Entretanto, o alvo principal da quadrilha eram agências do Banco do Brasil.