O acidente em que o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho se envolveu completou três meses ontem. Por conta disso, parentes e amigos das vítimas fatais Gilmar Rafael Souza Yared e Carlos Murilo de Almeida fizeram um protesto no local dos fatos.
Com faixas que diziam “radar para quê?” e “três meses e nada”, os jovens distribuíram aos motoristas adesivos com os dizeres “190 km/h, dirigir bêbado é crime” e lembraram do caso, cujo inquérito até agora nem foi concluído. O acidente ocorreu entre as ruas Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski, no bairro Mossunguê, em Curitiba.
A mãe de Gilmar Rafael, Cristiane Yared, disse que o ato ocorreu para que o acidente não caia no esquecimento e para sensibilizar a sociedade para as injustiças em casos de trânsito. Cristiane passou o dia de ontem muito triste, lembrando da morte do filho, o que a fez dizer palavras menos esperançosas do que antes.
“Sabemos que tudo nesse País cai no esquecimento, e essa morosidade da Justiça nos dá essa sensação de que as coisas não vão mudar. Isso assusta muito. Quer dizer que eu posso sair matando por aí e hoje frequentar academias, parques, livremente? Estamos aterrorizados de morar num País onde pessoas andam a 190 km/h e nada acontece”, desabafou.
Exames de dosagem alcoólica feitos no sangue do parlamentar já confirmaram que ele estava bêbado na noite do acidente. Testemunhas também relataram à polícia que ele não tinha condições de dirigir.
As notas fiscais do restaurante confirmaram, ainda, os altos gastos com bebidas alcoólicas no restaurante onde ele jantou minutos antes do acidente. A família de Gilmar Rafael pretende fazer atos como o de ontem pelo menos uma vez por mês, para que o fato nunca seja esquecido.
“Não queremos a punição simplesmente pela punição, mas sim como um exemplo para a sociedade”, afirmou. No dia 15 de novembro, quando é celebrado o Dia Mundial das Vítimas de Trânsito, a família pretende realizar uma grande manifestação nas ruas de Curitiba.
O inquérito que investiga o acidente deve ser concluído até o final da semana que vem, segundo a polícia. Mesmo assim, o prazo será extrapolado em alguns dias, pois a data de conclusão deveria ter sido ontem.
O inquérito foi prorrogado duas vezes, a pedido da polícia, que agora aguarda os laudos finais do Instituto Médico-Legal (IML). Ao finalizá-lo, a polícia o encaminha ao Ministério Público Estadual (MP), que deve oferecer denúncia contra o parlamentar.