Há cerca de um ano e meio, o curitibano Roberto (nome fictício) deixou a residência com a esposa em direção ao litoral do Estado, durante um final de semana. Assim que chegou ao destino, ele recebeu uma ligação de um vizinho que alertou: “Estão entrando na sua casa”.
De acordo com as autoridades em segurança no Estado, a desagradável surpresa e o desconforto pelo qual passou o morador ao ter a casa invadida tende a se repetir durante o período de festas de fim de ano.
Segundo Roberto, assim que ele chegou à praia, o vizinho contou que três indivíduos, devidamente bem trajados, dando a impressão de que se tratavam de corretores de imóveis, encostaram um carro na garagem da casa, na Vila Guaíra, em Curitiba.
“Primeiro ele ligou perguntando se eu tinha negociado com algum corretor. Depois, ele retornou a ligação e contou que a porta estava aberta”, conta. De acordo com o curitibano, os ladrões arrombaram o portão e a fechadura da porta da frente da casa com um pé de cabra. Os arrombadores, que levaram apenas joias, estariam à procura de um cofre, pois arrastaram móveis.
Roberto conta que não foi a primeira vez que teve a casa invadida. Há 14 anos, ele também foi surpreendido depois que saiu de casa para ir ao mercado. “Pior do que ter os objetos furtados é ver sua intimidade invadida. Não saber quem foi causa uma sensação de impotência e um desconforto muito grande”, diz.
Segundo o delegado Luiz Carlos de Oliveira, da Delegacia de Furtos e Roubos, é preciso redobrar o cuidado ao deixar a casa em viagens, já que o número de ocorrências de arrombamentos e furtos aumenta nessa época do ano. Para o delegado, os criminosos se sentem estimulados a investir contra residências por conta do aumento do número de pessoas que viajam.
De acordo com o delegado, é necessário um cuidado especial desde o momento de fazer as malas até o retorno. “Ao colocar os pertences no carro, já existe uma visualização de criminosos. Por isso, as pessoas devem manter uma discrição”, alerta.
Dentre as recomendações, o delegado lembra que é pertinente suspender os serviços de entrega de jornais e revistas, já que o acúmulo de materiais em recipientes de correspondências pode indicar a ausência do morador.
O comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar do Paraná, coronel Jorge Costa Filho, recomenda que o morador procure adotar medidas que não alterem a rotina aparente do imóvel. “Deixar a luz acesa ininterruptamente, assim como deixar a grama muito alta, é um sinal para o criminoso de que a casa está vazia”, exemplifica.
Para as autoridades, entretanto, mais do que munir-se de aparatos de segurança, é preciso ter um senso de companheirismo e contar com a ajuda de vizinhos e parentes para não deixar que as viagens de fim de ano possam se tornar um pesadelo.
“Se a sociedade se fechar entre ela e com a polícia, 90% dos casos serão resolvidos. Basta que a população entenda que um depende do outro”, afirma Oliveira.
Ao perceber movimentações suspeitas, o morador deve ligar para os telefones 190 (PM), 197 (Polícia Civil) ou para a Delegacia de Furtos e Roubos (41) 3262-2461 e (41) 3218-6100.
Aumenta procura por seguranças
A iminência de um aumento no número de arrombamentos faz com que cresça também a procura por serviços de segurança privada. Segundo o Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Paraná (Sindesp-PR), no período de novembro a janeiro, o setor de segurança privada no Paraná registra aumento superior a 15% na demanda de serviços de segurança patrimonial.
Para o sindicato, o aumento na demanda também é motivado pelo maior movimento no comércio e pela maior circulação de dinheiro no final do ano. Segundo o diretor do Sindesp-PR, Maurício Smaniotto, a segurança eletrônica e o alarme monitorado estão entre os serviços mais procurados.
“A agregação de serviços de segurança privada não confere segurança absoluta, já que o ladrão opta sempre pelo mais fácil. Porém, mesmo que ele e,ntre na residência, com um alarme ele se intimida e não rouba tanto o quando gostaria”, diz Smaniotto.
Segundo o Sindesp-PR, toda empresa de segurança privada deve ter registro na Polícia Federal, conforme determina a Lei n.º 7.102/83. O sindicato orienta que, ao contratar o serviço, o consumidor procure fazer orçamentos e ir até a empresa conferir a estrutura. “É preciso conferir se a empresa é autorizada pela Polícia Federal e registrada no sindicato”, diz.
Segundo o sindicato, o Paraná tem 73 empresas autorizadas a prestar serviços de segurança privada, com um total de 20 mil profissionais atuando. Em Curitiba, 38 empresas são filiadas ao Sindesp e todos os anos são vistoriadas pela Polícia Federal.