Se depender do Ministério Público, a impunidade não vai selar o caso de prostituição virtual, aliciamento e extorsão que balançou a sociedade e estremeceu as instituições policiais. Pelo menos é o que garante o promotor de Justiça Paulo Kesller, chefe da Promotoria de Investigação Criminal (PIC). Ontem, ele afirmou que os promotores acompanham todas as investigações feitas pela Corregedoria da Polícia Civil. "Garanto que já há provas suficientes para denunciar muitos dos acusados. O trabalho deles está sendo muito bem feito, por isso, não há necessidade de acompanharmos presencialmente todos os depoimentos. Não faremos reparo algum aos trabalhos feitos pela Corregedoria", comentou.
Os nomes dos envolvidos, tanto dos que permanecem presos como dos novos denunciados, continuam sendo mantidos em sigilo. No depoimento prestado à Corregedoria, Luciana Polerá Correia Cardoso, 21 anos, indicou a participação de 25 pessoas na trama. Destas, mais de 20 seriam policiais. O advogado dela, José Feldhaus, acredita que a contribuição da jovem nas investigações poderá beneficiá-la na redução da pena, uma vez que Luciana responderá aos crimes de extorsão, formação de quadrilha, exploração sexual comercial infanto-juvenil e corrupção de menores. Ele teve acesso ao inquérito e conta que Luciana foi a única acusada que confessou a prática dos crimes. "Ela reconhece que errou e quer passar sua vida a limpo, por isso não adiantaria nada mentir sobre os fatos", disse.
Luciana continua presa na Corregedoria da Polícia Civil, enquanto os delegados Moisés Américo de Souza Neto e Edson José Costa (titular e adjunto do 4.º Distrito Policial) desfrutam da liberdade. Os dois estão afastados das funções e apenas com a conclusão do inquérito a Corregedoria decidirá se serão ou não expulsos da Polícia Civil, ou qual será a punição deles.
De acordo com José Feldhaus, Luciana espera uma vaga no Centro de Observação Criminológica e Triagem (COT), onde poderá ser visitada pela família. Feldhaus também contou que a família dela não sofreu novas ameaças.
Delegados
Os delegados aguardam em liberdade o desenrolar das investigações, o que não descarta a possibilidade de eles voltarem para atrás das grades. Hoje encerra o prazo para a Corregedoria concluir o inquérito e encaminhá-lo à PIC para que seja decidido se serão ou não oferecidas denúncias contra os acusados. Entretanto, a Secretaria de Segurança Pública já adiantou que o prazo para entrega dos documentos será prorrogado.
Com as provas que já existem contra Moisés e Edson, aliadas aos novos fatos que Luciana trouxe à polícia, os promotores poderão denunciá-los e pedir a prisão preventiva de ambos.
Eles estavam com prisão temporária e ganharam a liberdade na última segunda-feira, por conta de uma liminar em habeas corpus.