O promotor de justiça Roberto Moellmann Gonçalves Barros, 39 anos, foi degolado, em seu sobrado, na Rua Santa Clara, 371, região nobre do Ahu.
O corpo só foi encontrado na manhã de ontem pela diarista que chegava para trabalhar. A polícia já tem pistas de duas pessoas que teriam cometido o crime e prometeu solucioná-lo em breve.
O promotor atuava na Vara de Fazenda Pública, Falências e Concordatas mas, segundo a polícia, a morte não tem relação com a atividade profissional da vítima. Acredita-se em possível vingança. Roberto, era divorciado e morava sozinho no sobrado, que comprou em setembro do ano passado.
Ele estava caído sobre a cama do quarto da empregada. Assustada, a funcionária chamou o segurança da rua e ambos acionaram a Polícia Militar
e o Siate. Segundo a perita Jussara Joeckel, do Instituto de Criminalística, o crime deve ter ocorrido por volta da meia-noite. A arma do crime, provavelmente uma faca de cozinha, não foi encontrada no local. Jussara suspeita que Roberto tenha sido pego de surpresa. Conforme explicou, apesar de a casa estar revirada, não havia sinais de luta. ?Recolhemos impressões digitais e encontramos algumas peculiaridades?, disse a perita, sem revelar detalhes.
Não havia sinais de arrombamento na casa, o que indica que a própria vítima pode ter aberto a porta para seus assassinos. Foi levado da casa um telefone com identificador de chamadas, a carteira do promotor e uma máquina fotográfica, em que a polícia acredita haver fotos da vítima e do autor.
De acordo com os soldados Barcik e Joelson, do 20.º Batalhão da Polícia Militar,
a carteira com os documentos pessoais do promotor foi localizada pouco depois das 10h, num terreno da Rua Arthur Loyola, próximo ao terminal do Cabral. Equipes da Prefeitura faziam a limpeza do mato, quando encontraram a carteira.
Amor pelo trabalho
Roberto Moellmann Gonçalves Barros ingressou no Ministério Público em outubro de 1991, como promotor substituto em São José dos Pinhais. No mês seguinte, foi promovido a promotor de entrância inicial de Capitão Leônidas Marques. Foi removido, em 1994, para Arapoti. Em 1995, promovido para a Promotoria de Entrância Intermediária de Paranavaí. Em 2000, foi promovido para o cargo de promotor de Justiça de entrância final de Cascavel e, no mesmo ano, removido para Ponta Grossa e, em dezembro, para Curitiba, onde passou a atuar junto às Varas da Fazenda Pública, Falências e Concordatas.
No site de relacionamentos Orkut, o promotor descreve a paixão que tinha por sua vida e seu trabalho.
?Sou trabalhador e, quando não em férias, minha vida é realmente o meu trabalho.
É lá que vão me encontrar de manhã e de tarde. Sou feliz com a vida que levo. Tenho saúde, bons amigos, uma família querida, um trabalho do qual me orgulho. Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor…..?.
O promotor está sendo velado na Capela do Tribunal de Justiça.
O sepultamento ocorrerá às 11h de hoje, no Cemitério do Santa Cândida.
Ligações esclarecedoras
Apesar de tentar simular roubo, a polícia desconfia que os assassinos tenham levado o identificador de chamadas a fim de que suas ligações para a vítima não fossem rastreadas. O delegado Paulo Padilha, da Delegacia de Homicídios, já solicitou a quebra de sigilo telefônico. O celular e um computador – onde a polícia acredita haver mensagens eletrônicas trocadas entre autor e vítima – também foram recolhidos para serem examinados.
Segundo apurou Padilha, Roberto era reservado e não costumava levar pessoas estranhas para casa. O delegado tem informações de que um dos assassinos telefonou horas antes para o promotor, forçando a visita. Padilha acredita que o autor da facada não foi ao encontro do promotor com intenção de matar. ?É possível que eles tenham tido um desentendimento momentâneo, não foi premeditado. Pelas evidências, existe a possibilidade de o crime ter sido cometido por até duas pessoas.?
Altamir Favile, segurança da rua, contou que Roberto costumava sair à noite e voltava sempre de madrugada, sozinho. Antes de chegar em casa, telefonava ao segurança do turno da noite, pedindo para verificar se havia alguém suspeito próximo ao portão. Na noite do crime, o segurança informou que Roberto não telefonou ao vigia noturno.
