Foto: Walter Alves |
Depois de horas de negociação, Márcia aceitou ser medicada. continua após a publicidade |
Depois de passar a noite na internet, conversando com o marido, que mora no Japão, a professora Márcia teve uma crise nervosa e, supostamente teria ameaçado os filhos – de 4, 9 e 11 anos, na manhã de ontem, em Rio Branco do Sul. Em sua casa, na Rua Sete de Setembro, ela usou a câmera instalada no computador para mostrar ao marido que tinha uma faca de cozinha nas mãos.
A revolta foi motivada por uma série de fatores emocionais e financeiros. Márcia estava com viagem marcada para o Japão para hoje, mas teve o visto vetado pelo consulado daquele País. Após quase três horas de negociação com policiais do Comando e Operações Especiais (COE), ela aceitou se entregar e deixou a casa em uma ambulância para ser medicada.
O drama da professora foi acompanhado com pesar por amigos e vizinhos. Por volta das 8h, vários deles se aglomeraram em volta da faixa de isolamento para acompanhar a negociação. Quando soube o motivo do tumulto, uma amiga de Márcia se surpreendeu. ?Faz quatro anos que a conheço e ela nunca fez uma coisa dessas?, disse. Márcia é professora da rede municipal e também já trabalhou como assistente social no município.
Separados
O marido dela, neto de japoneses, viajou ao Japão há oito meses, para trabalhar. ?Eles estão juntos há cerca de cinco anos. Ela estava com muitas saudades?, disse a amiga. Márcia ficaria um ano no Japão e levaria o filho mais novo, que é o único do casal. Os mais velhos são do primeiro casamento e, por causa da burocracia, não poderiam viajar. Na segunda-feira, ela fez uma entrevista no consulado japonês. porém, ontem, recebeu a informação de que seu visto foi negado.
Inconformada, Márcia – que tinha a informação de que estaria sendo traída pelo marido e não suportava mais ver o filho caçula chorar toda vez que via a fotografia do pai – discutiu severamente com ele pela internet, querendo uma solução. Ela salientava que trabalhava o dia inteiro, cuidava das três crianças e ainda da mãe e da sogra – que são mulheres idosas adoentadas – e, mesmo sendo uma pessoa honesta, não tinha conseguido o visto para aquele país.
Aviso
Em meio ao nervosismo, ela gritava com o marido, ameaçando os filhos. Provavelmente uma vizinha ouviu e acionou a polícia. Policiais militares de Rio Branco foram até a casa, tentaram conversar com Márcia, mas não conseguiram. Acharam por bem acionar o COE, a unidade especializada da corporação para casos com reféns.
Esses policiais conseguiram convencê-la a abrir uma janela e, depois de muita conversa, ela aceitou atendê-los. Já no interior da casa, eles verificaram que havia uma faca de cozinha debaixo da almofada onde a mulher estava sentada, porém não presenciaram nenhuma agressão às crianças. ?Em nenhum momento houve ameaças durante as negociações?, explicou o capitão Marcos Vieira, do COE.
Por volta das 11h, Márcia aceitou entrar em uma ambulância e deixou a residência para ser medicada no hospital. Seus filhos receberam a visita de outros familiares e do Conselho Tutelar e, no final da manhã, já estavam bem e jogavam videogame.
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