Prisão de médicos do Evangélico prejudica cirurgias

A prisão de três médicos anestesistas do Hospital Evangélico de Curitiba, investigados por apressar a morte de doentes terminais na UTI Geral, já suspendeu cerca de 200 cirurgias eletivas. Com as prisões, o quadro de profissionais ficou reduzido a sete pessoas e a média diária de cirurgias, que era de 60, caiu quase pela metade, segundo a assessoria de imprensa da instituição. Os procedimentos não realizados estão sendo reagendados.

A direção do hospital esclarece que os anestesistas têm uma norma padrão, que os impede de exceder a jornada de trabalho. “O desfalque de três anestesistas criou dificuldades na manutenção da normalidade do serviço, ocasionando uma suspensão temporária de parte das cirurgias eletivas, que deverão ser remarcadas sem prejuízo aos pacientes”, diz a nota do Evangélico.

Segundo a assessoria de imprensa, o número de cirurgias canceladas deve aumentar nos próximos dias, já que a reposição dos médicos é um processo mais demorado. O hospital nega que a suspensão dos procedimentos seja resultado de uma operação padrão dos funcionários em protesto contra a prisão dos colegas médicos. De acordo com a assessoria, a redução da quantidade de cirurgias foi pedida pela direção diante da falta de profissionais.

Em nota publicada na internet, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) argumenta que nunca recebeu acusação alguma quanto à conduta destes médicos. “Certamente as denúncias apresentadas contra a UTI do Hospital Evangélico são graves e devem ser apuradas nos rigores da lei, aplicando-se as penalidades cabíveis aos culpados. Porém, as denúncias em si não bastam, é necessário prová-las”, aponta. Assim que tiver acesso aos autos da investigação, a SBA promete analisar o caso de forma “responsável e serena, a fim de verificar a existência de condutas que efetivamente violem a lei, seus estatutos e a ética médica, oportunizando a todos os direitos de defesa e o contraditório, punindo os eventuais culpados”.