A juíza de Almirante Tamandaré, Luciane Ludovico, acatou a denúncia do Ministério Público e os 16 pedidos de prisão preventiva. Ela entendeu que há provas contra os acusados, de integrar uma quadrilha de extermínio responsável por várias mortes na região, e irá começar a interrogá-los na próxima semana.
No início da semana, foram denunciados pelo Ministério Público os policiais militares Juliano Vidal de Oliveira, Jean Adan Grott, Juarez Silvestre Vieira, Jeferson Martins, José Aparecido de Souza, Marcos Marcelo Sobieck, Leily Pereira, o escrivão da Polícia Civil Alexander Perin Pimenta, o funcionário da Prefeitura de Tamandaré Luiz Antônio Alves da Silva, que exercia o cargo de investigador na mesma delegacia, além do comerciante Sebastião Alves do Prado, do caminhoneiro Celso Luiz Moreira, o “Celso Seco” , Paulo Celso Rodrigues, a comerciante Maria Rosana de Oliveira, a Rosana Zen, o motorista da Prefeitura Antônio Martins Vidal, o “Tico Pompílio”, o ex-policial militar Valdírio Adir Mangger e André Luiz dos Santos, o “Andrezinho”. Todos tiveram prisão preventiva decretada e devem permanecer presos.
Denúncia
Na denúncia, assinada por cinco promotores, constam depoimentos de 48 testemunhas de quatro inquéritos policiais, três deles presididos pela delegada Vanessa Alice. O outro é referente a execução de quatro rapazes em junho de 2000. O Ministério Público entendeu e a juíza acatou que o trabalho da Polícia Civil aponta a existência de uma quadrilha organizada que domina o tráfico de drogas na região de Almirante Tamandaré, Itaperuçu e Rio Branco do Sul.
Liberado suspeito dos crimes
Três meses depois do assassinato de Eva Antônia Silveira, mais conhecida como “Evinha do Pó”, 41 anos, e de seu filho Cristiano Fernando Costa, 24, o principal acusado de ser o mandante dos crimes foi ouvido na tarde de terça-feira, na Delegacia de Homicídios. Ao contrário do que muitos esperavam, Eder de Souza Conde, 28 anos, tido como traficante na Vila Nossa Senhora da Luz e principal rival de “Evinha do Pó”, não foi indiciado em inquérito policial. Ele apenas foi ouvido em declaração pelo delegado Sebastião Ramos Santos Neto, durante duas horas. O delegado não quis falar sobre o caso.
Eder chegou a ter sua prisão temporária decretada pela Justiça, dias depois dos homicídios, e deu uma entrevista à Tribuna no dia 20 de março, quando estava foragido. “Tentamos apresentá-lo várias vezes à polícia depois que sua prisão foi relaxada pela Justiça. Até que enfim conseguimos. Agora entendo porque o delegado demorou. Ele buscava provas contra meu cliente, mas não encontrou nada porque o Eder nada deve. Tanto que não o indiciou”, salientou o advogado Peter de Souza Amaro, que acompanhou o depoimento.
Depoimento
Eder jurou que não tem nenhum envolvimento com o duplo assassinato, ocorrido no dia 10 de março. “Sabia que mais cedo ou mais tarde iria provar minha inocência. Tinha a certeza disto. Tudo que acontecia na Vila Nossa Senhora da Luz eu era o culpado, segundo a polícia. Eu nunca desejei a morte da Eva, mas depois que isso ocorreu temos tranqüilidade na vila. Acabaram os tiroteios e assassinatos, que ocorriam constantemente”, disse o rapaz. “O que eu sei é o que todos os moradores da Vila Nossa Senhora da Luz sabem. Além da Eva, vários parentes dela morreram e pessoas inocentes também. Uma menina, de 6 anos, foi atropelada por uma motocicleta pelo `Nando’, que fugia da polícia. O `Nando’ também já morreu”, acrescentou.
O advogado disse esperar que a polícia descubra o verdadeiro autor dos crimes. “Tudo será esclarecido. Tenho certeza disso.” Eder prefere não comentar a suspeita de que o crime teria sido cometido pela quadrilha de extermínio, que seria responsável por várias mortes em Almirante Tamandaré. Duas testemunhas prestaram depoimentos à delegada Vanessa Alice, que investiga os crimes da quadrilha e declararam que um dos autores seria Alceu Rodrigues, 31 anos, o “B.A.”, assassinado no dia 9 de maio. Alceu era procurado pela polícia. Nenhuma das testemunhas foi ouvida na Delegacia de Homicídios. (VB)
