Três alunos do curso de Medicina da Faculdade Evangélica do Paraná foram presos dentro da sala de aula, na última segunda-feira, por policiais da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas. Larissa Tatiusa Tolentino Cangussu, 27 anos; Janaína da Silva Neto Chaves, 29; e Jamil Alves Rocha são acusados de pagar R$ 30 mil para uma quadrilha fazer a prova do vestibular em nome deles. A investigação partiu de denúncia feita pela própria faculdade, que descobriu a fraude.
A falcatrua foi descoberta devido a um sistema de segurança implantado no ano passado. De acordo com Arnaldo Rebello, diretor geral da Faculdade Evangélica, para ingressar no curso é coletada a impressão digital do candidato no dia da inscrição para a prova, no dia do exame e depois, se aprovado, na matrícula. No caso dos três estudantes, as digitais não conferiram. Ao perceber e confirmar a irregularidade por meio de laudos técnicos, Rebello pediu ajuda à Delegacia de Estelionato, que desde 16 de abril iniciou as investigações.
O vestibular foi prestado no início do ano, com uma concorrência de 20 alunos por vaga, e as aulas começaram na semana passada. Entretanto, apenas na última segunda-feira os três estudantes foram à faculdade. ?Eles foram abordados na sala de aula e depois levados à delegacia. Aqui confessaram que pagaram à quadrilha, mas nem eles sabiam que alguém foi fazer a prova no lugar deles. Acharam que tinham pago para alguém de dentro da faculdade garantir a vaga?, contou o delegado Marcus Vinícius Michelotto.
Os três estudantes foram expulsos e as vagas serão preenchidas por outros vestibulandos. Larissa e Jamil, que são de Minas Gerais, e Janaína, do Rio de Janeiro, foram indiciados por estelionato. Por serem réus primários e não terem antecedentes criminais, responderão pelo crime em liberdade.
Quadrilha
Segundo o delegado, a quadrilha é especializada em procurar os possíveis clientes. ?Eles descobrem quem vai prestar vestibular para Medicina e oferecem a vaga. No dia da prova subcontratam alunos brilhantes e entregam documentos falsos dos reais candidatos. A pessoa é aprovada sem nunca ter feito o vestibular?, contou o delegado.
A polícia ainda não identificou os criminosos que participaram do esquema na Faculdade Evangélica, mas sabe que são membros de um grupo preso em 30 de abril na Operação Vaga Certa, deflagrada pela Polícia Federal. Na época, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão no Ceará e no Rio de Janeiro. ?É uma quadrilha que age em todo o País e é especializada em vestibular para o curso de Medicina, pois são poucas faculdades que oferecem este curso e além disso os candidatos geralmente têm condições de pagar pela vaga?, finalizou o delegado, lembrado que o inquérito policial será encaminhado ao Rio de Janeiro, por onde ocorrem as investigações sobre a quadrilha.