Dois acusados de envolvimento no latrocínio (roubo com morte) que vitimou Tayla Michele Agne de Faria, 15 anos, ocorrido na terça-feira, em Itaperuçu, foram presos ontem no Jardim Paraná, em Colombo, por policiais da delegacia de Rio Branco do Sul e da Delegacia de Furtos e Roubos. Ontem, durante toda a tarde, os acusados foram interrogados, mas apenas um deles teria confessado o crime. A informação não foi confirmada pela polícia, que afirma que as informações serão divulgadas pela assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública. Porém, a secretaria garante que não há novidades sobre o caso e prometeu realizar uma coletiva quando o crime for solucionado, o que deverá ocorrer hoje.
Na tarde de ontem, moradores do Jardim Paraná, informaram que as ruas foram cercadas por policiais civis, que efetuaram a prisão dos dois rapazes acusados de envolvimento com roubos e receptação de motocicletas.
Os nomes dos acusados não serão divulgados, já que não há divulgação oficial sobre o caso. Investigações.
O trabalho da polícia apenas começou. O próximo passo é apurar se existem outros envolvidos no latrocínio e chamar testemunhas do crime para fazer o reconhecimento da dupla detida. Um deles seria o autor do disparo e o outro o que ficou nas imediações do local do crime dando cobertura.
Além disso, a polícia irá apurar quais as pessoas envolvidas no protesto pela morte da estudante, ocorrido na noite de sexta-feira, que resultou em quebradeira generalizada e saques a quatro órgãos públicos de Itaperuçu e a uma agência do Banco do Brasil.
Morte
Tayla foi atingida por um tiro na boca, às 14h15 de sexta-feira, durante um assalto contra a Panificadora Santa Ceia, na Rua Alcides Gomes da Silva, centro de Itaperuçu. O assaltante usava a motocicleta Titan azul placa ANU-7690, e rendeu a irmã da vítima – Taís, 17 anos -, que cuidava do caixa. Assustada, a garota teria dado um grito e Tayla saiu da cozinha para ver o que acontecia. A garota entrou correndo por trás do balcão, o que teria assustado o bandido, que atirou.
Crianças pedem paz
Patricia Cavallari
Foto: Fábio Alexandre |
Manifestantes querem mudar imagem da cidade. |
Mudar o estereótipo que Itaperuçu é terra sem lei, habitada apenas por marginais, levou a ONG Centro de Treinamento Montessori (que oferece ensino até a 5.ª série) a promover uma manifestação pacífica. Na tarde de ontem, mais de 300 pessoas, entre alunos, pais e professores, mostraram como é possível reivindicar mais segurança e expor a indignação com o assassinato de Tayla sem promover destruição na cidade.
Em vez do som de tiros, janelas quebradas e arruaça, ouviu-se música e crianças, afirmando que violência gera mais violência. Os manifestantes caminharam pelo centro do município carregando cartazes e faixas pedindo paz. Policiais militares tentaram negociar para que a passeata fosse cancelada, mas não conseguiram. Eles chamaram reforço e 18 policiais fardados e seis à paisana acompanharam o protesto. ?Nós os escoltamos, porque temíamos que marginais aproveitassem a situação para provocar nova baderna?, disse o capitão do 17.º Batalhão de Polícia Militar, César Kister.
Para o diretor-executivo da ONG, Paulo Roberto Valença, que organizou a passeata, o vandalismo ocorrido na noite da última sexta-feira poderia ter sido evitado. ?Logo que a menina morreu, ouviam-se rumores de que a quebradeira iria acontecer, e ninguém fez nada para preveni-la?, disse Paulo.
A professora da ONG e mãe de uma garoto de 7 anos, Sheila Ferreira de Mello, afirmou que não é apenas a falta de policiamento que preocupa os moradores, mas a ausência de iniciativas para a formação das crianças. ?Com essa manifestação queremos tirar a imagem de que aqui só tem bandido. Queremos demonstrar nosso sentimento e indignação em relação a morte de Tayla?, disse a professora, lembrando que a menina estudou no Montessori dos seis meses ao 6 anos de idade.