Quatro policiais civis, lotados na Delegacia de Estelionato e Roubo de Cargas, foram presos ontem sob a acusação de extorquirem dinheiro da quadrilha de roubo e furto de camionetas, que seria liderada pelo investigador Samir Skandar, 46 anos, que está foragido. De acordo com o Ministério Público, há aproximadamente um mês o superintendente Hélcio Piasseta e os investigadores Araci de Mattos Leite, Percival Abel Fromholtz e Celso Pereira da Silva chegaram a prender Luciano Carlos Arruda, vulgo “Porquinho” ou “Lupe”, e Paulo Roberto Alexandre Prosdócimo, mais conhecido como “Tanaka” (membros da quadrilha) e os soltaram mediante pagamento de R$ 50 mil.
Os investigadores foram presos ontem pela manhã por policiais do Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco) ligados à Promotoria de Investigação Criminal (PIC) em uma operação conjunta com a Corregedoria da Polícia Civil. O superintendente Hélcio Piasseta já estava preso desde o final do mês passado, sob a acusação de concussão. Ele também teria exigido dinheiro de uma quadrilha de roubo de cargas, sediada em Campo do Tenente e liderada por Mário Amaral Fogassa, que também está foragido.
O promotor Luiz Fernando Delazari, informou que os mandados de prisão dos quatro policiais, de Edilson José de Almeida e Uhaila Hussein Skandar (ex-mulher de Samir) foram expedidos na sexta-feira pelo juiz da Central de Inquéritos, Marcelo Ferreira. “O Samir trabalhava para o grupo de Paulo Mandelli, que está com mandado de prisão decretado e continua foragido. Ele chegou a ser acusado na época (em março de 2000). O que me espanta é que inexplicavelmente ele continuou trabalhando na Polícia Civil”, salientou o promotor. “A quadrilha do Samir é sucessora da de Paulo Mandelli”, acrescentou Delazari.
Segundo ele, a quadrilha roubava e furtava de duas a três camionetas diariamente. “Isso à luz do dia, em pleno centro da cidade e com armas de grosso calibre”, revelou Delazari. Ele disse que as investigações estão encerradas. “Apuramos 15 furtos e roubos praticados pelo grupo, mas podem ter mais. Se surgirem novas vítimas vamos apurar”, frisou o promotor.
Denúncia
Ontem também a PIC ofereceu a denúncia contra 20 pessoas acusadas de integrar a quadrilha de roubo e furto de camionetas, que atuava em Curitiba e Região Metropolitana. Com exceção dos policiais lotados na Delegacia de Estelionato e Roubo de Cargas, todos foram denunciados por formação de quadrilha, roubo, furto e receptação de veículos. Já os policiais foram denunciados pelo crime de concussão.
A promotoria apurou que a quadrilha seria liderada por Samir Skandar, Luciano Carlos Arruda, 23 anos, Paulo Roberto Alexandre Prosdócimo, vulgo “Tanaka”, 24, e Hércules Lemos da Silva, 29. De acordo com a denúncia foram os quatro que estabeleceram o acordo inicial e organizaram todo o sistema operacional do bando. Foram eles também que disponibilizaram a colocação provisória de veículos, localizados em residências alugadas para este fim. Depois os veículos eram levados para Florianópolis (SC) ou Foz do Iguaçu. Em Santa Catarina eram desmontados e vendidos em partes em desmanches. Já em Foz do Iguaçu eram apenas passados para o Paraguai.
Delazari lembrou que a quadrilha foi desmantelada após o Ministério Público iniciar as investigações sobre o assassinato do estudante Pablo da Silva Mesquita, 23 anos, ocorrido às 3h30 do dia 27 de abril, na Rua Marechal Hermes, no Centro Cívico, em frente ao Edifício Castelo Branco. Segundo o promotor em breve será proposta à denúncia contra os integrantes da quadrilha envolvidos no homicídio.
Presos
Das 20 pessoas denunciadas, 14 estão atrás das grades e seis estão foragidas. Estão presos Luciano Carlos de Arruda, César Brunetti, vulgo “Queixada, 26 anos, o mecânico Josenei Lemos da Silva, o “Josi” (irmão de Hércules), Sueli do Rocio Bordejaco, Neureceli Carina Silveira, Lucélia de Olivera Correa, Gisele Dilian de Souza, Luciana Dilian de Souza, o despachante João Luiz Viana Nunes, Uhaila Hussein Skandar. Além do superintendente da Delegacia de Estelionato, Hélcio Piasseta e dos investigadores Araci de Mattos Leite, Percival Abel Fromholtz e Celso Pereira da Silva.
Continuam foragidos o investigador da Polícia Civil, Samir Skandar (lotado em Piraquara), Hércules Lemos da Silva (irmão de Josinei), Paulo Roberto Prosdócimo, Edson Proença e Edilson José de Almeida.