Com eles foram apreendidos telefones celulares utilizados nos golpes, além de recibos de depósitos de vítimas, listagens com nomes de segurados e jornais que eram as fontes de consulta para a aplicação de golpes. Somente em Curitiba, a polícia estima que mais de 100 pessoas tenham sido lesadas pela quadrilha desde o ano de 2003 e a estimativa de ganho é de
R$ 1 milhão. O golpe alcança proporções maiores pois o grupo agia desde a década de 90 em diversas cidades do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
De acordo com a delegada Vanessa Alice, dois dos detidos eram corretores de seguro, o que facilitava o acesso da quadrilha às listagens de segurados. As vítimas eram contactadas através de ligações telefônicas realizadas de um telefone fixo e, para contatos posteriores, eram repassados números de aparelhos celulares. Em contato com as vítimas, os indivíduos diziam que elas tinham o direito de receber um residual por segurados por muitos anos. O saldo seria referente ao seguro de empresas conceituadas como Montepio, Mongeral, Federal de Seguros e Gboex, entre outras seguradoras.
Bandidos se passavam por coronéis
Grande parte do público alvo da quadrilha eram pessoas aposentadas do Exército brasileiro e da Polícia Militar. Nesses casos, os estelionatários se faziam passar por coronéis ou outras altas patentes para dar maior veracidade à falcatrua.
Durante a conversa telefônica, os indivíduos explicavam aos segurados que eles poderiam receber o residual, cujo valor variava entre R$ 70 e 150 mil. Para isso as vítimas deveriam depositar 10% desse valor em contas correntes estabelecidas e que pertenciam a "laranjas", em outros estados do País. Essa quantia era referente a encargos advocatícios. O depósito deveria ser feito em duas parcelas iguais. Após o depósito da primeira parcela, os golpistas entravam em contato dizendo que estavam pagando o valor residual, no valor integral. Ao ver o cheque depositado, a vítima bancava a segunda parcela.
Realmente um cheque era pago pelos estelionatários na conta do segurado com o valor acertado, mas esse cheque era furtado ou roubado, o que deixava a transação anulada. Como os cheques com valores altos demoram para ser compensados nos bancos, o golpe era concretizado com sucesso.
A quadrilha também aplicava mais um golpe. Através da leitura de jornais, os indivíduos entravam em contato com pessoas que estavam com títulos para serem protestados em cartórios. Faziam se passar por cartorários e pediam o depósito de dinheiro no valor da duplicata e mais taxas do cartório para que a ação não fosse executada.
Investigação
As investigações tiveram início em 2003. Naquele ano cinco inquéritos foram instaurados pela delegacia. Em 2004, foram identificados alguns integrantes do grupo e solicitadas prisões preventivas. "Laranjas" foram indiciados naquela ocasião e, por isso, os "chefes" do grupo mudaram-se para outros estados e continuaram aplicando golpes. Em 2005, a quadrilha voltou a agir no Paraná e as diligências da Delegacia de Estelionato se intensificaram. As prisões ocorreram na semana passada e, de acordo com a delegada, ainda falta efetuar mais três detenções. Todos os detidos foram autuados por estelionato e formação de quadrilha. Carlos Roberto da Silva já havia sido preso em 2003 e saiu da cadeia apenas em março deste ano, quando voltou a aprontar, conforme a policial.