Entulhados, os detentos
precisam urinar em garrafas.

Revoltados com as condições em que estão vivendo na carceragem do 1.º Distrito Policial (centro), os 26 presos afirmam que darão início a uma greve de fome, que não tem data prevista para acabar. Além disso, vão proibir a entrada de novos detidos no xadrez. “Não vai entrar nem sair comida e preso daqui de dentro”, dizem os líderes do grupo.

Com novas prisões que ocorreram ontem, subiu para 23 o número de homens que dividem a cela de 13 metros quadrados. Revoltados, eles anunciaram a greve de fome e a proibição da entrada de novos presos ou a saída dos que estão ali para ir ao Fórum. “A nossa manifestação será pacífica, o que não dá é para continuar dessa maneira. Isso aqui virou um depósito de gente”, afirmou um dos detentos.

Eles contam que estão sendo obrigados a fazer um revezamento para dormir: metade fica deitada no chão durante o dia e a outra metade à noite. “A gente só consegue dormir quando chega ao máximo do cansaço, pois o calor é insuportável e o cheiro é horrível”, afirmou outro detento.

A situação só é pior na carceragem ao lado, onde cinco presos, que estão sendo ameaçados pelos demais, amontoam-se em um espaço de cerca de 3 metros quadrados. Para dormir, eles estão também sendo obrigados a se revezar, já que cabe apenas três homens deitados no cubículo. Como não há banheiro na cela, eles estão urinando em garrafas plásticas, podendo ir ao banheiro para fazer as demais necessidades uma vez ao dia. O banho fica restrito a uma vez por semana.

De acordo com a superintendente do 1.º Distrito Policial, Juliana Mosqueto, a situação tende a se agravar com a chegada do final de ano, quando a incidência de furtos e roubos no centro da cidade fica ainda maior. “Já encaminhamos pedido para a remoção dos presos para o Centro de Triagem e à Divisão da Capital, mas até agora não tivemos resultados. Não tem lugar para colocar mais ninguém aqui”, finalizou a policial.

No 8.º DP a ameaça é de morte

O problema de superlotação nas carceragens não se restringe ao 1.º Distrito Policial. Em um fax enviado à redação da Tribuna, assinado por “uma mãe desesperada”, a mulher conta que os presos do 8.º Distrito (Portão) vivem situação semelhante e também ameaçam se rebelar e até matar detentos, caso as condições na carceragem não melhorem.

No documento, a mulher revela que os 160 detentos estão vivendo o “veneno da cadeia”, e que se as reivindicações de melhores condições não forem atendidas, eles também iniciarão uma greve de fome. A ameaça mais grave é de que pessoas possam ser assassinadas na carceragem.

No texto está o aviso: “Se for o caso vamos começar a matar alguns presos”.

Entre as denúncias feitas, estão a de que os reclusos estão passando até dois dias sem água e se alimentando com comidas estragadas. Eles afirmam que as visitas acontecem uma vez por mês, quando falam poucos minutos com os familiares, através de um interfone com defeito. Por fim eles garantem que se as reivindicações não forem atendidas com urgência, as ameaças serão cumpridas.

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