Foi mesmo a falta de policiais que motivou o assassinato do investigador da Polícia Civil Luiz Gonzaga dos Santos, 49 anos. Ele foi morto às 15h15 de domingo ao tentar impedir um arrebatamento de presos. A confirmação do que provocou a morte veio com a prisão de três dos assassinos, na quarta-feira. Eles devem ser apresentados à imprensa na próxima segunda-feira.
De acordo com informações, quatro homens foram até a delegacia de Colombo, para arrebatar um preso. Luiz Gonzaga teria reagido e eles acabaram atirando e desistindo de resgatar o detento. A polícia ainda trabalha para prender um quarto homem, que participou da ação e está foragido. Todos os integrantes do grupo, que tentou o arrebatamento, são foragidos da delegacia do Alto Maracanã e foram capturados no Jardim Holandês, o mais violento bairro de Piraquara.
Segundo dados apurados pela reportagem da Tribuna, a polícia identificou os autores da morte do policial através de duas informações que chegaram anonimamente às delegacias de Piraquara e Pinhais, quase simultaneamente. A partir delas, os policiais chefiados pela Divisão Metropolitana, com o apoio do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), começaram a investigação. Na quarta-feira, um dos acusados foi recapturado por policiais de Piraquara, outro pela Furtos e Roubos e o terceiro pelo Cope.
Roubo
Sabendo que havia apenas um policial de plantão na delegacia, o quarteto se dirigiu ao local na tarde de domingo. Um pouco antes, dois deles abordaram uma mulher, que conduzia um Gol, na Rodovia da Uva, em Colombo. Ela foi rendida colocada no porta-malas do carro. Depois de rodarem alguns quilômetros, eles pararam o carro e a vítima ouviu três tiros. Depois deixaram o local, retornando à rodovia. Assim que conseguiu escapar do porta-malas, a mulher acionou a Polícia Militar.
Os marginais se dirigiram à delegacia de Colombo para resgatar um comparsa que estava entre os 45 detentos ali recolhidos. Ao chegar, um deles bateu na porta da delegacia, fingindo ser uma vítima. Gonzaga foi abrir e percebeu que havia mais três pessoas armadas, tentou fechar a porta novamente para chamar apoio, mas os marginais atiraram através da porta de vidro e acertaram três balaços no investigador. Enquanto os criminosos fugiam, a vítima abriu a porta de vidro para pedir socorro aos populares, pois estava sozinha na delegacia. Antes de morrer, ele conseguiu pedir ajuda a mulher que passava por ali e chamou a PM.
Falta de pessoal terá “remendo”
Patrícia Cavallari
A morte do policial civil Luiz Gonzaga dos Santos, ocorrida em Colombo, no domingo, obrigou o Governo do Estado a tomar uma medida emergêncial para propiciar o mínimo se segurança aos policiais civis que atuam em delegacias da Região Metropolitana. A maneira encontrada foi a criação de um programa que prevê a integração entre as policias Civil e Militar.
Durante entrevista coletiva, ocorrida na tarde de ontem, no Comando de Policiamento da Capital (CPC), o delegado chefe da Divisão Metropolitana, Agenor Salgado Filho, e o comandante do CPC, coronel Nemésio Xavier de França, apresentaram o “Cartão Programa”, que prevê a visita e permanência de policiais militares nas delegacias de Curitiba e Região Metropolitana, por tempo indeterminado. De acordo com o comandante, antes de cada equipe dar início ao seu trabalho diário, ela receberá um cartão com os endereços das delegacias que deverá visitar durante as 12 horas do turno. No final do dia, um relatório deverá ser entregue, confirmando o policiamento nos locais estabelecidos.
Apoio
A ordem é que os policiais militares permaneçam, por no mínimo 30 minutos, nos distritos policiais, durante o tempo que houver apenas um policial no plantão. “Caso haja três investigadores em uma delegacia, e dois deles estejam em diligências nas ruas, os PMs terão que aguardar que eles retornem. Se estiverem todos no distrito, os policiais militares podem apenas verificar se há necessidade de alguma coisa, e ir para a próxima delegacia”, afirmou o comandante.
Os policiais militares não ficarão todo o tempo nos distritos, já que terão que conciliar as visitas com as ocorrências diárias. Além das rondas nas delegacias a intenção também é estreitar o relacionamento entre as duas policias e aumentar o companheirismo”entre elas. “Quando um policial civil estiver sozinho no plantão e com receio de atender determinada pessoa, ele poderá acionar o policial militar que todos os dias visita a delegacia, para prestar apoio”, afirmou Salgado.
As rondas das viaturas nos distrito serão intensificadas no período noturno, principalmente a partir das 3h30 quando as ocorrências nas ruas diminuem. A prioridade é atender as delegacias que apresentam carceragem e defasagem de efetivo. ou seja, quase todas.
Em agosto, 220 novos policiais começam a trabalhar.
Porém, eles não resolverão nem parte do problema da falta de efetivo da Polícia Civil, que hoje é menor do que em 1985, de acordo com o delegado Ricardo Noronha, da Associação dos Delegados de Polícia do Paraná. “O efetivo ideal é de 6.883 homens, mas não tem mais do que 3.100”, diz ele.