Acusado de molestar crianças, que eram convencidas a ir até seu apartamento para práticas sexuais, mediante pagamento em dinheiro, o comerciante João Batista Ferreira da Rocha, 50 anos, conhecido como "Batista", dono de uma lanchonete no município de Pinhão (distante 300 quilômetros de Curitiba), está desde quinta-feira passada recolhido na carceragem da delegacia local. A prisão, mediante mandado expedido pelo Juízo Criminal da Comarca, foi executada pelo Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco), que atua com a Promotoria de Investigação Criminal (Pic).

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Mantendo-se calado, aparentemente tranqüilo, "Batista" se nega a comentar o caso com os outros 25 presos que superlotam a carceragem, com capacidade para apenas 12. Ele recebeu a visita da mãe, uma mulher de 89 anos, e desmente todas as acusações que lhe são imputadas. "Ele se diz inocente", afirma o delegado Luiz Alberto Vicente de Castro. Já para o agente de segurança que se auto denomina "XP", o suspeito de pedofilia " ou é pilantra ou é doente".

Bastante conhecido no pequeno município, que tem pouco mais de 30 mil habitantes, não é a primeira vez que "Batista" amarga a privação de liberdade. No ano passado, em dezembro, ele já tinha sido detido pela Polícia Federal, pela mesma acusação de forma reiterada: 14 vezes. Foi transferido para Curitiba e em março deste ano, colocado em liberdade provisória, isso porque foi constatado excesso de prazo na conclusão do processo.

Maníaco agia sossegado

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Retornando ao município sem sofrer qualquer rejeição por parte dos moradores – "o povo daqui é muito pacato", diz o delegado – voltou a trabalhar na lanchonete, morar com a mãe e, ao que tudo indica, aliciar crianças, praticando com elas atos sexuais diversos. Quando não conseguia levá-las até o apartamento, abusava delas na própria lanchonete e depois as recompensava com dinheiro, segundo as investigações realizadas pelo Ministério Público (MP).

Embora os pacatos pinhalenses não tenham tomado nenhuma atitude contra o acusado, muitos, após a nova prisão, espantaram-se: "de novo!". Eles supunham que a ação anterior da polícia havia acabado com as investidas do pedófilo.

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De acordo com a assessoria de imprensa do MP, o Conselho Tutelar de Pinhão, as diretoras e professoras das escolas em que estudam as vítimas, assim como o Serviço de Assistência Psicológica do município, estão acompanhando o caso e prestando atendimento às crianças.

O fato de "Batista" estar recolhido na cadeia local, faz crer que será agilizado o novo processo, que poderá lhe render uma condenação de 4 a 10 anos de reclusão, pelos supostos abusos sexuais e pelo crime de exploração sexual contra crianças.