O guardador de carros Claudiomir da Silva, o “Jorge Tadeu”, 26 anos, confessou ter sido contratado por Rosana Grein, 27, para executar o marido dela, Newton Sérgio Saciotti, 48, funcionário do Canal 21, no dia 17 deste mês. O rapaz foi preso na última sexta-feira, e apresentado ontem à imprensa. Já Rosana, presa na mesma data, está presa no 9.º Distrito Policial (Santa Quitéria) e foi transferida para o Complexo Médico Penal.
O delegado Hamilton Cordeiro da Paz, titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, contou que o crime estava sendo investigado pela Delegacia de São José dos Pinhais, mas que um informante acabou entrando em contato com a DFRV, repassando que os autores seriam guardadores de carros, da Avenida Cândido de Abreu, próximo ao Shopping Mueller.
“Dois guardadores de carros esclareceram os fatos e conseguimos prender um dos criminosos e reunindo provas contundentes contra a esposa da vítima”, afirmou Hamilton. Ele irá remeter o inquérito para a delegacia de São José dos Pinhais, que deverá apurar os motivos do crime.
Hamilton salientou que a arma foi mandada para a perícia, para que seja confrontada com os projéteis retirados da cabeça de Newton, que permanece internado no Hospital Cajuru, e ainda não foi ouvido pela polícia.
Confissão
Claudiomir alegou que pretendia se entregar à polícia após o Carnaval. Ele contou que foi convidado por um adolescente, sob a promessa de receber R$ 1.500,00, e que sua participação seria apenas dar voz de assalto. O guardador de carros relatou que no dia do crime, Rosana passou para apanhá-lo junto com o garoto, às 14h, dando para eles o revólver, calibre 38, que seria utilizado no crime.
No trajeto, segundo Claudiomir, a mulher avisou que iria passar em casa para apanhar o marido, mandou eles entrarem no porta-malas da camioneta e orientou que os dois deveriam sair quando ela ligasse o rádio.
Conforme relatado pelo detido, tudo ocorreu como planejado. Depois de dada a voz de assalto, ele mandou Newton seguir em direção à BR-277, sentido praias. Como foi previamente combinado, no caminho, o adolescente ordenou que Rosana assumisse o volante, e Claudiomir passou para o banco da frente. Assim que Newton deitou no chão do veículo, o menor disparou cinco vezes na cabeça do homem. Na seqüência, os três desceram do carro. Rosana foi em busca de socorro e os dois esconderam a arma no matagal. De lá, Claudiomir, que mora há quatro quilômetros do local do crime, foi para casa. Segundo ele, o dinheiro prometido não foi pago. (VB)
Crime foi acertado na rua
Além do interrogatório de Claudiomir, outros dois guardadores de carro prestaram depoimento na DFRV, incriminando Rosana. Um deles relatou que uma mulher, em um Pálio vermelho, foi até o local e conversou com Claudiomir e com o adolescente. Um dia depois, a testemunha relatou que Claudiomir mostrou-lhe a reportagem da Tribuna sobre o seqüestro e comentou que “ele e o garoto tinham feito a parada”.
Outro guardador de carros declarou que Rosana sempre parava em frente ao shopping com carros diferentes e costumava dar brindes, aparentando ser “uma boa pessoa”. Segundo seu depoimento, no dia 15 de fevereiro, a mulher foi até o local, às 15h30, com uma camioneta preta, e perguntou se ele conseguia uma arma com facilidade.
Acordo
Diante da negativa do guardador de carros, a mulher teria feito uma nova proposta.
Conforme relatou, Rosana teria perguntado se, caso ela conseguisse a arma, ele teria coragem de matar seu marido, “porque ela estava cansada de apanhar”. O rapaz desconversou e ela procurou outro guardador, menor de idade. Após alguns minutos os dois embarcaram no carro. O garoto retornou para o local às 20h, sozinho e a pé.
O mesmo guardador de carros informou que, no dia do crime, só viu Claudiomir, que chegou para trabalhar por volta das 21h30, lamentando que havia feito uma besteira.
Mulher deve falar à imprensa na próxima semana
O advogado de Rosana Grein, Elias Mattar Assad, informou ontem que sua cliente deverá falar à imprensa na próxima semana, sobre a acusação de ter mandado matar seu marido. “Resolvemos adiantar as declarações, porque ela está muito abalada com tudo isto”, salientou o defensor.
Assad contou que impetrou, junto à Central de Inquéritos, um pedido de definição do Judiciário para que declare se o procedimento será feito por Curitiba ou São José dos Pinhais. “Quero uma definição por escrito”, assinalou o defensor. Ele comentou que, se a competência for de São José dos Pinhais, o juiz que decretou a prisão de Rosana não poderia tê-lo feito. “Se o juiz de Curitiba disser que não é competente, terá que revogar a prisão da minha cliente. Caso contrário, irei entrar com pedido de revogação da prisão preventiva da Rosana”, adiantou o defensor.
