Preso acusado de manter disque-drogas em São Paulo

Médicos, dentistas, advogados e professores universitários eram os clientes preferenciais do empresário Marcos Cleo, de 44 anos, preso nesta terça-feira (15) pela Polícia Civil de Sorocaba, no interior de São Paulo, acusado de tráfico de cocaína. Dono de uma loja de carros, Cleo é suspeito de fazer negócio pelo telefone celular e a clientela usava uma linguagem codificada para pedir a droga. Para a entrega, ele marcava encontros em bairros nobres da cidade e se dirigia ao local num carro Audi preto.

Durante cinco meses, com autorização judicial, a polícia gravou as conversas e fez imagens dos encontros – que comprometem integrantes da alta sociedade do município, segundo a delegada Simona Ricci Scarpa, da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise). Nas imagens divulgadas pela polícia, Cleo é flagrado entregando a "encomenda" no bairro Campolim, principal reduto da classe A e ponto de encontro de jovens, próximo de escolas. Numa das gravações, o interlocutor pergunta se o empresário tem "a loira do uisquinho".

Com a resposta positiva, o cliente pede: "Manda três pra nós." Em outra ligação, o cliente o convida para "tomar uma cerveja" no Campolim, "no lugar se sempre". Os registros mostram que a entrega ocorre num conhecido bar da região. Um dos clientes assíduos, um professor universitário, usava como senha a pergunta: "Pode vir na aula hoje?" O empresário teria respondido: "Posso, quando?" O professor: "A hora que quiser, mas da mesma qualidade."

Outro cliente, um médico, preocupava-se com a pureza do entorpecente. "Sem muito sódio, ouviu?" Cleo não fazia negócios em grande escala e recusava os compradores dos quais desconfiava. O tóxico era vendido em papelotes de 3 e 5 gramas, a 30 e 50 reais, respectivamente. Em alguns dias, o empresário teria feito mais de 20 entregas em bares, casas noturnas, postos de abastecimento e lojas de conveniência.

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