Falta de banhos de sol, demora pra receber visitas e alimentação inadequada foram algumas das reclamações relatadas, ontem, pelas detentas que aguardam a conclusão de seus julgamentos no Centro de Triagem da Polícia Civil, centro de Curitiba, a integrantes da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Paraná. As mulheres foram transferidas do 9.º Distrito Policial (Santa Quitéria) e da Delegacia de Quatro Barras há 22 dias.
?Aqui, só ficamos trancadas. Já passaram mais de vinte dias da transferência e só fomos uma vez para o pátio, por 15 minutos?, relata Daniele da Rosa. Apesar de não haver superlotação, elas também dizem sofrer com a demora das visitas, que acontecem uma vez ao mês. ?A comida é ruim, muitas vezes vem azeda. Nos sentimos como bichos?. Pela demora no contato com familiares, Franciele de Oliveira Lima diz estar doente há uma semana e até agora não ter recebido os remédios e alimentos que precisa. ?Só ontem o médico prometeu uma injeção. Não durmo à noite e ardo em febre?.
O rigor nas revistas também incomoda as presas. Franciele conta que a filha de cinco anos teve de tirar a calcinha para ser revistada. Algumas detentas que preferiram não se identificar também denunciam que, nuas, são revistadas em frente às câmeras de segurança e sofrem constantes xingamentos.
A secretária da comissão da OAB, Isabel Mendes, afirma que, apesar de estarem em melhores condições que no 9.º DP, onde faltava infra-estrutura e havia superlotação, as detentas ainda carecem de muitas coisas, como uma ocupação. ?Há detentas que aguardam transferência para penitenciárias há até três anos. Ociosas, elas só se tornarão mais revoltadas?, teme.
Já o delegado responsável pelo Centro de Triagem, Roberto Fernandes, contesta as reclamações. ?Elas são atendidas diariamente por psicólogos e há um médico disponível. Cada uma tem sua cama e seu espaço. O restante é questão de ainda estarmos adaptando o local para organização das visitas e intervalos?.